Já se tornou tradição a romaria que a Diocese de Jales promove no mês de agosto, no domingo mais próximo ao dia 15, festa oficial da Assunção de Maria, aniversário da Diocese de Jales. A motivação mais consistente para realizar a caminhada de três quilômetros e a celebração na praça da catedral, está vinculada à história, e tem por objetivo cultivar a memória do surgimento das comunidades, neste extremo noroeste do Estado de São Paulo.
É uma região de colonização relativamente recente. Os 46 municípios que compõem o território da Diocese tiveram seu início, em sua maioria, na década de 40, com suas emancipações oficiais na década de 50.
As comunidades situadas no atual Estado de Mato Grosso do Sul, são bem mais antigas do que as comunidades situadas no Estado de São Paulo. Como referência elucidativa desta constatação pode se tomar a cidade de Paranaíba, no Mato Grosso do Sul. Ela foi erigida em paróquia há aproximadamente duzentos anos atrás. Enquanto as cidades paulistas situadas nas proximidades da margem esquerda do Rio Paraná, em sua maioria foram erigidas em paróquias somente a partir do ano de 1958, já em vista da criação da nova Diocese de Jales, fruto de uma intuição do Bispo de Rio Preto Dom Lafaiete Libânio, que se deu conta da rapidez como a região ia tomando nova configuração com a fundação de numerosas comunidades que iriam resultar em novos municípios, consolidando assim a fisionomia histórica que hoje caracteriza esta região do Estado de São Paulo.
Pois bem, esta é uma região de pouca história, dada sua recente implantação. Tanto mais se torna importante cultivar esta história, para que as datas conservem a recordação dos seus inícios e iluminem suas tradições.
A preservação da memória histórica, é sempre um dos motivos das romarias diocesanas, que passaram a se realizar anualmente a partir do ano de 1985, quando a Diocese completava 25 anos de sua fundação.
Mas as romarias têm outros objetivos. Elas conseguem integrar expressões tradicionais de fé cristã, com o apoio a causas importantes que a Igreja vai propondo. Para comprovar esta dimensão das romarias basta conferir quantas intenções já estão sendo assumidas na preparação da romaria. É o Ano da Paz, promovido pela CNBB, alertando para o aumento da violência, cujas causas precisam ser melhor elucidadas. É o ano da assembleia diocesana, momento oportuno para acolher as diretrizes pastorais da Igreja no Brasil. É o Ano da Vida Consagrada, proposto pelo Papa Francisco. É o ano do Sínodo sobre a Família, tema que exige com urgência uma convocação geral de toda a sociedade em favor desta instituição fundamental para o convívio social. É também o momento da Igreja abraçar com mais empenho a causa da ecologia, como fez o Papa Francisco com sua recente encíclica Laudato Sí.
Pois bem, as romarias oferecem um espaço privilegiado para assumir estas causas, refletir sobre elas, e arejar nossas motivações, para que não se fechem em pequenos interesses que só fomentam confrontos inúteis e objetivos conflitantes, como estamos vendo na situação política que o país está vivendo agora, e que tende a se agravar perigosamente.
Num contexto como este, nada melhor do que promover encontros iluminados pela fé, para alargar os horizontes, e para reconduzir os espíritos a causas mais salutares e motivadoras da convivência pacífica e fraterna em nossas comunidades.
Em meio à crise que vai contagiando todos os setores da sociedade, bem vinda a trigésima primeira Romaria Diocesana de Jales!