“ – Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?
—— Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo”... ( Questão 913, de “ O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec).
O egoísmo é uma chaga, dentro da humanidade, que sempre causou e vem causando enormes prejuízos às criaturas, pois que abraçados a ele somos indivíduos que acreditamos ser o centro de todas as atenções e que tudo que gira ao nosso redor deve se prestar a nos servir.
O egoísta constrói seu mundo individual, dentro de uma couraça imaginária, onde terá todas as prioridades; sua dor é a maior, seus problemas são os mais difíceis, suas necessidades precisam ser atendidas, a fortuna, o poder, o prestígio devem chegar às suas mãos.
Dentro do seu equivocado e ilógico raciocínio, uma vez não conseguindo o que almeja torna-se a criatura mais infeliz do mundo, destilando azedume e mau humor por onde passa, sofrendo e causando sofrimentos aos outros.
Sua maior característica é a insensibilidade, pois que pensa somente em si, não alimentando preocupações com os outros. Se estiver bem pouco importa como estão as demais criaturas. Utiliza todos os meios e métodos possíveis para atingir seus objetivos, não importando se para alcançá-los prejudique seus irmãos de caminhada, vale conseguir o que quer, custe o que custar e doa a quem doer.
Esse comportamento desequilibrado que vem norteando nossas condutas e ações é que tem feito uma sociedade tão problemática e infeliz, como estamos vendo, quando o desejo de levar vantagem em tudo criou um ambiente onde muito vivem com quase nada e poucos vivem com quase tudo que existe no planeta.
O desequilíbrio e a instabilidade social, geradores de profundos e intensos problemas comunitários somente terão fim com a expansão dos nossos sentimentos e erradicação do egoísmo. Á medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, dão menos valores às materiais, daí a imperiosa necessidade de reformulação interior, pois que os sentimentos que cultivamos até agora não nos proporcionaram os benefícios almejados.
Jesus Cristo, em seu Evangelho iluminado, se preocupando com tal vício humano sentenciou: “ ame teu próximo como a ti mesmo”, “ faze ao teu irmão o que deseja para ti”, “ amai-vos uns aos outros”, “ ame até ao teu inimigo”, informando a urgente necessidade de vivermos uma vida solidária, fraterna e sensível, compreendendo que ninguém conseguirá ser feliz no egoísmo.
A má distribuição das rendas, a insegurança, a violência, os conflitos sociais e a aflição que vivemos, tem suas origens no egoísmo, essa chaga terrível que ainda toma conta dos corações humanos.
Enquanto não conseguirmos entender que a lágrima derramada num continente exerce influência nos outros, continuaremos convivendo com as tragédias sociais que tanto tem nos preocupado e enegrecido o quadro social que nos cerca.
Comecemos por modificar nosso íntimo, verificando o sofrimento ao nosso redor; mães que não tem como alimentar e vestir seus filhos, pais desempregados procurando por ocupações, doentes de mãos estendidas buscando socorro, crianças vivendo ao abandono, idosos sem lar para terminar seus dias aqui na Terra, presídios abarrotados, jovens sem perspectivas de uma vida digna e muito mais.
Observemos de que forma podemos contribuir, mesmo que seja de forma humilde, pequena, não importa, mas façamos alguma coisa em favor dos que seguem pelas vielas sombrias da dor, fazendo isso de maneira desinteressada e sem esperar por qualquer reconhecimento ou gratidão.
Tendo a disposição de desenvolver algum trabalho em favor desse contingente sofrido, começaremos a quebrar a couraça imaginária criada pelo egoísmo, extirpando a insensibilidade e permitindo que os nossos sentimentos se expandam no clima da solidariedade e do amor ao próximo.
Agindo assim, mesmo com dificuldades, aos poucos perceberemos que a paz e a felicidade, lentamente começarão a morar em nosso coração... enquanto o egoísmo vai se retirando.
Reflitamos, então ...