Um espanto. É incrível como estas paragens conseguem produzir bandidos de tantas estaturas. Do pé de chinelo ao colarinho branco - e engomado -, o que produz de safado esta terra é uma grandeza. Que só aumenta. Um espanto.
É o fim de feira. Vendido o que deu, ficam as sobras e o vale tudo fundamental transmuda-se na mais tropical das baixarias.
Olha a baciada! Dez por cinco!
É a hora e a vez dos abutres e das hienas.
Carniceiros.
Esta República encontra-se tão à deriva - alijada de quaisquer valores éticos ou quaisquer valores -, que qualquer zé mané arvora-se no direito de se apossar do que sobrou, acha que pode dar o bote: e se bobear pode mesmo; não há mesmo muito mais aqui no fundo do poço, é só o lodo.
Os ruins sempre escolhem os piores. Assim é que é.
No aterro sanitário em que o país vai se transformando. No último ato.
E os palermas reluzentes?
A serviço da derrocada final, vem a manifestar-se inacreditáveis trouxas, panacas bananeiros: gente sem a menor condição de ocupar os espaços que ocupam, sem o menor compromisso com o que quer que seja que não a salvaguarda de seus próprios e reluzentes umbigos - muito bem pagos, claro.
Gente lenta, escolhida pelo pior, do pior, do pior. Do muito ruim.
Impressiona. Deveras.
Quando a opinião pública acha que já viu o mais baixo a que pode chegar a República: ei-los! A surpreender-nos a todos! Descendo mais um pouquinho.
A ladeira lamacenta em que vai se transformando o país.
Do ponto de vista do povo, a postura é esperar; o troco vai ser dado, na hora certa pra isso, até porque, no meio de tanto lixo e nessa ladeira escorregadia, não há muito a escolher, é só o lodo, mesmo. Será necessário drenar todo este pântano.
Mas o espanto é livre.
É um enterra-biografia que não acaba mais.
Parece, às vezes, que se esquecem que todos, em sociedade, somos atores, e, hoje, observados o tempo todo; acompanhados em tempo real.
Tá todo mundo vendo, gente!
E é todo mundo, mesmo. O mundo inteiro está vendo.
O mais longo dos bailes da Ilha Fiscal.
Tá valendo dedo no olho, chute na canela e pisão no pé.
E tem de tudo. Aparece de tudo.
De angu de caroço a pamonha quentinha. De Minas Gerais.