A experiência demonstra que a humanidade não prescinde do esgotamento. De todas as causas, de todos os medos. De todos os modos.
Enquanto não esgotadas as situações - todas elas -, as circunstâncias, as possibilidades - e as impossibilidades -, raros indivíduos são capazes de largar o osso.
Qualquer osso, para o bem ou para o mal - o que inclui do fundo do poço ao espelho de narciso.
Novos pensadores vêm propagando hoje, que a inédita concentração de renda aliada ao inédito desenvolvimento tecnológico que vivenciamos estão a forjar um futuro sombrio para as grandes massas - os que estão à margem do processo. Nosostros, basicamente.
A obsolência dos trabalhadores - os que não estiverem envolvidos direta ou indiretamente com os avanços tecnológicos -, somada à natural queda de renda que dessa circubstância resulta, dizem, fomentará o também inédito desterro da hoje classe média: do ciclo resultará mais concentração de renda e desenvolvimento tecnológico concentrado.
Resultará numa imensa e disforme massa de humanos dispensáveis.
Não há, aí, nada de novo.
Olhando para qualquer mapa mundi, elaborado sob quaisquer perspectivas, vê-se claramente, hoje mesmo, o desterro de colossal e disforme massa de humanos postos à margem do processo - quaisquer processos: de desenvolvimento, de geração de renda.
Há na internet, fotografias da terra à noite, feitas da estação espacial, em que são ressaltados os pontos luminosos dos lares, cidades, abastecidas com energia: mais de dois terços do mundo está apagado.
Os escandinavos têm uma palavra, hygge, para traduzir conforto, sensação de acolhimento e bem estar. A escandinávia é iluminadíssima. Olhe a fotografia.
Países africanos inteiros aparecem apagados. A África praticamente inteira. Olhe a fotografia.
Ideias velhas. Mais do mesmo.
Apenas Darwin, nada mais.
É que agora chegou na classe média.
Que vai ter que procurar novos caminhos. E rapidinho.
Como buscou outrora a burguesia.
Veja-se a revolução francesa: liberté, égalitè, fraternité.
A égalité, no caso, resultou no Haiti. Esse que vemos aí. Ou nem olhamos, pra sermos francos. Também resultou no Senegal, Níger, Burkina Faso, Costa do Marfim, Chade, República do Congo, Mali. Entre muitos outros. Todos apagados na fotografia.
Essa, a égalité francesa - que a burguesia francesa exportou para o mundo.
Certos - e muitos -, fatos históricos são esquecidos de forma tão aboluta que impressiona.
O caso, agora, como vimos de ver, é que o darwinismo social atingirá a classe média americana e dos demais povos desenvolvidos e em desenvolvimento - em cascata: um efeito dominó que vai se acelerar mais e mais - daí o incômodo. O esperneio.
Veja-se a eleição de Trump - um esperneio e tanto, e que, com toda a certeza não traduzirá solução alguma, porque o que se vive hoje, é uma onda imensa que não será contornada apenas pelo personalismo deste ou daquele, e exigirá, muito, muito mais, que singelas soluções caseiras - o isolacionismo, como na idade média.
Quanta bobagem.
Enquanto não se franquear educação de boa qualidade, e sobretudo, isenta de ideologias, à grande massa, este planeta não passará de um mundinho muito pequeno e mal iluminado, perdido nos confins do universo.
Um planetóide que não soube, não sabe, e francamente não parece estar disposto, a honrar a vida que recebeu do Eterno.