Daqui a menos de um ano, o Brasil saberá quem governará o país de 2019 a 2022. Mas o próximo presidente da República responderá por mais do que quatro anos do futuro nacional: será ele um símbolo de que a racionalidade supera o voluntarismo, de como a ação estratégica na política se sobrepõe à ingenuidade do falso moralismo e, principalmente, da capacidade de convergência e construção de unidade em torno de um objetivo maior.
É claro que tudo isso só será verdade se um projeto coeso, maduro e consistente se viabilizar e for eleitoralmente bem-sucedido. E é isso que deve ser o norte de toda força política comprometida com o efetivo avanço do Brasil, e não com seus interesses mais imediatos. Só um amplo leque de alianças, pautadas pela coragem e ousadia de promover uma agenda reformista justa e contemporânea, será capaz de superar os discursos demagógicos, sectários e anacrônicos que ecoam nos dois extremos do espectro político.
Não podemos nos furtar ao enfrentamento direto, claro e bem fundamentado contra uma esquerda retrógrada e corporativista que gravita em torno do lulopetismo e contra um conservadorismo que se traveste de laissez-faire, mas não consegue esconder sua essência anacrônica e autoritária.
O desafio é como fazer tal enfrentamento. Por um motivo simples: não podemos errar. Em artigo no Estadão, o ex-ministro Roberto Brant sintetizou de maneira precisa o debate que está colocado em torno das causas da crise em que nos encontramos e como construir soluções para superar tal situação.
Não é a corrupção por si só que faz com o que o Brasil invista em educação mais do que a média dos países da OCDE e colecione posições vergonhosas em rankings internacionais. É o corporativismo que resiste a inovações e à adoção de práticas modernas de capacitação e avaliação do desempenho dos professores.
Tampouco será por vias autoritárias e moralistas que teremos chance de sucesso contra a grave crise de segurança que aflige brutalmente a sociedade e as famílias. Além da recessão econômica recorde, o lulopetismo legou ao Brasil o recrudescimento da violência urbana por todo o país, tanto em grandes metrópoles como pequenos e médios municípios. Mas achar que o problema se resolve só com repressão, sem planejamento ou inteligência, é uma dupla tragédia: aumentam os confrontos, assim como os mortos entre civis e policiais, sem que se diminua a criminalidade.
Esses dois exemplos – o desperdício de investimento na educação e a perda irrecuperável de vidas para a violência – são os mais eloquentes do que o Brasil precisa: mais respeito às leis e menos corrupção, sem dúvida alguma, mas principalmente maior racionalidade e eficiência na implementação de políticas públicas. É para isso que o PSDB foi fundado, há quase 30 anos, e é por isso que o partido se mantém relevante, com mais de 800 prefeituras e seis governos estaduais.
Se nos rendermos ao moralismo raso, em vez de nos unirmos na defesa de um projeto pautado em promover maior bem-estar com uso adequado e republicano dos recursos dos contribuintes, não só perderemos relevância como permitiremos que se concretize no futuro a tragédia anunciada caso vençam os discursos maniqueístas dos radicais de esquerda ou de direita. Essa é a questão crucial que está colocada ao PSDB e ao Brasil.