Para visualizar a notícia, habilite o JavaScript na página!
Impressão bloqueada!
Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link http://www.acidadevotuporanga.com.br/artigo/2019/11/duzentos-ou-terceiro-fragmento-de-nada-n58626 ou as ferramentas oferecidas na página. Se precisar copiar trecho de texto para uso privado, por favor entre em contato conosco pelo telefone (17) 3422-4199 ou pela nossa central de atendimento: http://www.acidadevotuporanga.com.br/atendimento/fale-conosco
Tomei algumas caipirinhas, seis ou sete. A noite estava começando abafada e quieta de sons diferentes; os ruídos eram recorrentes, os mesmos de sempre. Para quebrar o tédio, peguei meu passaporte, providenciei uma passagem para um mundo incerto – inserto no todo infinito – e empreendi viagem. Enveredei por território misterioso e mais perigoso que engolir cicuta. A meditação transportou-me a águas turvas de incertezas, deparei-me então com três grupos de homens. Primeiro grupo: Formado por homens que acreditam que Deus é placebo. Segundo grupo: Formado por homens que acreditam que Deus é Panacéia. Terceiro grupo: Composto por homens que acreditam que Deus está morto. O terceiro grupo abre a possibilidade de que o homem se fez órfão, já que matou Deus em Auschwitz e matou a ciência em Hiroshima. Demonstraria também que não foi Nietzsche quem matou Deus; Deus teria morrido décadas depois da morte de Nietzsche. Meus pés atingiram o fundo, peguei impulso e voltei à superfície. Eu mesmo não fazia questão, mas a noite pedia uma cerveja. Como não tinha cerveja em casa, resolvi ir a um boteco. Deixei portas e janelas abertas para que o vento pudesse entrar e arejar o ambiente. Ninguém poderia roubar nada em minha ausência, pois o homem só tem o que pode levar consigo e eu estava saindo. Estava em minha terceira cerveja, quando alguém da mesa ao lado comentou: “Não há perspectiva de melhora, afinal, temos um ministro da educação que confunde escritor tcheco com comida árabe.” “A crise na educação brasileira parece interminável”, observou outro sujeito. Paguei as três cervejas. Peguei umas latas para seguir até o dia clarear e deixei o boteco. Segui pelas ruas solitárias e plúmbeas pensando na fala de Darci Ribeiro: “a crise na educação brasileira não é crise, é um projeto.” No meio da madrugada, escrevi o texto de número duzentos para minha coluna do jornal. O título: Terceiro Fragmento de Nada. ... O desconhecido é magnífico por seu ineditismo. No porvir não deposito nenhuma expectativa, exceto que seja único e original e não apenas uma réplica do que já foi vivido, se é que existe ou existiu algo que, de fato, tenha sido vivido. Entre a vida e a morte, fico com a incógnita, escolho de bom grado a delícia de ser surpreendido pelo que me espreita no próximo passo. Não vou me inquietar, não quero saber se o sol vai brilhar amanhã, talvez nem haja amanhã; não quero saber o sexo da criança que ainda não veio à luz, talvez a gravidez seja psicológica. Permanecerei quedo como um Elias, mas ávido por saborear o que virá se o que virá realmente vier. Não adianta procurar um caminho, pois seu caminho ainda não foi traçado, seu caminho ainda não existe e só você poderá traçá-lo; somente seus passos poderão delinear seu caminho. Se for possível, tome um chá de cautela antes de cada passo, se não, simplesmente ande, mas com a consciência de que o sentido último do movimento é a imobilidade. Ousem meninos, ousem. Fujam de convenções, de fórmulas e conceitos preestabelecidos. Sou o guru ideal, o melhor para aconselhar justamente por não ter conselhos a dar... Bem, é bom esclarecer que Nada é personagem do romance Dois Dias Depois de Ontem e que Terceiro Fragmento de Nada é parte de um discurso de três dias por ele proferido... O quê? Plágio! Não, o romance foi escrito por mim. Como o (a) leitor (a) pode perceber, aparências são como políticos: enganam.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
Endereço da notícia: www.acidadevotuporanga.com.br/artigo/2019/11/duzentos-ou-terceiro-fragmento-de-nada-n58626
Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link {{link}} ou as ferramentas oferecidas na página. Textos, fotos, artes e vídeos do jornal A Cidade estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Se precisa copiar trecho de texto para uso privado, por favor entre em contato conosco pelo telefone (17) 3422-4199 ou pela nossa central de atendimento: http://www.acidadevotuporanga.com.br/atendimento/fale-conosco