Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Divulgação)
Bom dia caro leitor! Hoje vamos falar de um assunto polêmico entre as famílias: mesada. Muitos pais sofrem e ficam apreensivos com essa decisão: dar ou não dar a mesada? A resposta ideal é: DEPENDE!
Vamos começar falando dos erros que os pais cometem ao dar uma mesada (ou semanada, para o dinheiro dado semanalmente). O primeiro passo é entender que a mesada é um instrumento de educação financeira e não um “presente” ou “poupança” do filho. Se não houver prestação de contas, ela provavelmente não estará cumprindo seu papel educador. Normalmente, os pais começam a dar mesada porque o filho tem um desejo de consumo, um celular, por exemplo, e o pai gostaria de ensinar o filho a poupar. O combinado é que a criança guarde toda a mesada e, depois de um tempo, consiga comprar o item desejado. Esse é o primeiro erro: por mais que tenha o seu valor (como ensinar a poupar), qual seria a diferença entre dar o dinheiro à criança ou colocar em uma poupança? Quando a criança guarda tudo, ela está construindo a ilusão de que isso sempre será possível. Sabemos que na vida adulta nunca é possível poupar tudo, porque temos que nos alimentar, morar, etc.
Outro erro cometido é remunerar os filhos pelas obrigações ou pelo desempenho escolar. Atividades que são da educação da criança, como arrumar sua própria cama, lavar a louça e limpar a sujeira do cachorro, NÃO devem ser remuneradas. O que você pode fazer é oferecer “prêmios eventuais” por atividades que não eram esperadas, como ajudar a lavar o carro, etc. Quanto à escola, eles precisam entender que os pais trabalham para garantir a boa educação, então é obrigação deles ir bem na escola. Porém, assim como para as atividades não-esperadas, você pode oferecer premiações se ele apresentar um desempenho muito acima do esperado.
Não faça da mesada/semanada um instrumento de castigo ou punição por mau comportamento ou baixo desempenho escolar. Ameaçar a criança com “se você não lavar a louça, vou descontar R$5 na sua mesada” só vai mercantilizar as atividades domésticas. A criança precisa entender que os pais tem dinheiro porque trabalham e isso não é uma imposição: trabalhar é uma opção para quem estuda e tem o privilégio de escolher o que gostam de fazer.
Se você decidir por oferecer uma mesada/semanada, negocie com seu(a) filho(a) qual seria o valor ideal, levando em consideração que ele deve ter alguma responsabilidade de gastos e deverá fazer uma prestação de contas semanal: você pode responsabilizá-lo pelo lanche da escola ou pelo seu plano de celular. O mais importante é que, com o valor, ele consiga pagar o que foi estabelecido e também poupar para seus sonhos de consumo. Se ele gastar todo o dinheiro e pedir mais, você deve ser firme e não dar, senão corre o risco de virar o “banco-pai” e criar um gastador de dinheiro em potencial. Ou, se quiser se aproximar mais da realidade, você pode dar mais dinheiro cobrando algum juro, como se fosse um adiantamento: descontar um valor da próxima mesada, que deve ser significativo para que seu filho entenda que, quando pegamos dinheiro emprestado, pagamos um preço por isso. Essa pode ser uma grande oportunidade de blindar seu (a) filho(a) contra o pagamento de juros em empréstimos futuros.
Não existe receita. O que é existe é a possibilidade de aproveitar todas as oportunidades para ensinar uma boa relação com o dinheiro.