Tony Rocha (Foto: Reprodução)
“É certo que nem todos foram pegos de surpresa, o que sempre ocorre, já que alguns sempre têm informações de bastidores”, disse o homem de camisa azul, “mas, a esmagadora maioria formada pela massa inculta e incauta foi surpreendida, a notícia caiu como uma bomba em Carnavalescaipirovsky e...”
“Alto lá”, interrompeu o outro homem, o de camisa listrada e boné, “preciso me situar aqui, o que é Carnavalescaipirovsky?”
Estavam na churrascaria. O de camisa azul engoliu um pedaço de carne e disse:
“Não acredito! Você não sabe mesmo o que é Carnavalescaipirovsky?”
“Palavra! É a primeira vez que ouço falar.”
“Carnavalescaipirovsky é, falando resumidamente: um país exótico.”
“UM PAÍS? É a primeira vez que ouço falar desse país, onde é que ele fica?”
“Ninguém sabe onde fica Carnavalescaipirovsky, meu caro.”
“O que é isso? Alguém tem de saber, hoje em dia todo o mundo está mapeado, explique melhor essa história.”
“É simples, Carnavalescaipirovsky desprendeu-se do continente e agora está por aí, à deriva, flutuando itinerante em algum ponto incerto de algum oceano igualmente incerto, entende agora? É por isso que ninguém sabe onde fica Carnavalescaipirovsky.”
“Então é como um iceberg?”
“Como um iceberg porque flutua, mas não é gelo, evidentemente, é um país com solo fértil, florestas, cidades... enfim, Carnavalescaipirovsky tem mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados.”
“Naturalmente é politicamente organizado?”
“Uma verdadeira bagunça, o país vive em total desordem, nada funciona direito; tem uma Constituição que é peça de ficção que ninguém respeita, dá-se um jeitinho para tudo, o país marcha à base de improvisos e gambiarras.”
“Espere um pouco, uma coisa me intriga nessa história: como é que um país tão grande desprendeu-se do continente?”
“Foi obra da Imperatriz.”
“A mulher de um imperador foi a responsável?”
“Não, a Imperatriz não é mulher de imperador nem mulher que comanda um império nem mulher dominadora, não é mulher, trata-se de uma onda gigantesca,, um tsunami avassalador.”
“Como o tsunami que atingiu o sul da Ásia em dezembro de 2004?”
“Exato, só que a Imperatriz superou em milhares de vezes o poder destrutivo do tsunami de 2004.”
“E como é que eu nunca ouvi falar sobre a Imperatriz? Um evento tão grandioso e catastrófico devia ser mais divulgado!”
“O fato é que, além do nome, pouco se sabe sobre a Imperatriz, autoridades mundiais não divulgaram a informação para evitar o pânico planetário.”
“E qual foi a notícia que caiu como uma bomba em Carnavalescaipirovsky?”
“Ah, sim, a notícia da privatização do país, pretendem vender o país todo, de porteiras fechadas, como se costuma dizer, mas, a julgar pela malandragem do lugar, pode ser que efetuem a venda e não entreguem a mercadoria.”
“Mas tudo isso não seria apenas notícia de origem desconhecida circulando na boca do povo? Um boato inverídico?”
“Fake news? Não! É tudo verdade, já está até circulando nas redes sociais...”