Bom dia, caro leitor! Como vai você? Hoje vamos falar sobre como nós, dentro de uma cultura bastante consolidada no Brasil, somos capazes de eternizar a nossa pobreza financeira. Mas, como assim?
Enriquecer é a capacidade de gerar riqueza de geração para geração, ou seja, conseguir passar adiante, para as próximas gerações, o patrimônio e o legado que você construiu. Infelizmente, no Brasil, nossa capacidade em deixar dívidas ou patrimônios “insignificantes” para nossos filhos é um dentre tantos outros fatores que nos impede de prosperar enquanto nação. Como já dizia Gustavo Cerbasi, a capacidade de um país enriquecer está diretamente ligada à capacidade da população enriquecer. Neste quesito, estamos com desempenho bastante ruim. Mas, porque isso acontece?
Primeiro, porque não nos preparamos para nossa aposentadoria. Passamos todo o período da vida adulta nos preocupando em facilitar a vida dos filhos e deixar “ao menos uma casa” para eles morarem. Na nossa cultura, ter um imóvel está ligado ao sentimento de dignidade e posse e é por isso que as pessoas se endividam por uma vida inteira para ter seu imóvel próprio.
Passamos a vida adulta pagando as parcelas do financiamento imobiliário, afinal temos que ter “ao menos uma casa para morar”. Além disso, quando os filhos vêm, passamos a nos esforçar em “dar tudo o que não tivemos”, e criamos criaturas consumistas, sem querer. A maioria das famílias brasileiras se preocupa em prover um carro quando o filho faz 18 anos (sem nem ter ideia se vai conseguir pagar todos os custos envolvidos nessa aquisição). Se o(a) filho(a) sai para estudar em outra cidade, é certo que o padrão de vida que se tinha na casa dos pais deve ser semelhante, o que causa mais gastos para os pais. Se o(a) filho(a) se casa, as famílias se endividam para pagar uma festa (normalmente, uma festa realmente cara em que se passa anos pagando prestações) e ainda financiar uma casa ou apartamento para os filhos, afinal ter “ao menos uma casa” significa que o casamento tem mais chances de ser bem-sucedido (cuidado, há ironia!).
Se você não lida bem com verdade, é melhor parar sua leitura por aqui.
Se endividar por 20 ou 30 anos para adquirir um imóvel próprio não é inteligente. Se é tão importante assim para você a posse da sua própria casa, planeje-se e pague à vista (normalmente, com planejamento, você consegue pagar a casa em 15 anos sem enriquecer o banco ou a financiadora com seu suado dinheiro). Se um dos motivos de compra for “deixar uma casa ao filho” e essa será a única coisa que você conseguirá deixar, esqueça. Sem um mínimo de educação financeira seu filho vai gastar essa herança em muito pouco tempo, sem a geração de riqueza para a próxima geração (normalmente, com uma viagem ou qualquer outra bobagem).
Para finalizar, voltemos à aposentadoria: não se preparar e depois depender do governo ou dos filhos para ter um mínimo de qualidade de vida na sua velhice é loucura. É melhor se preparar para sua aposentadoria do que dar as coisas aos filhos, tentando ajudar. Deixe que seus descendentes conquistem o que quer que desejam e cuide mais do seu futuro: não depender financeiramente dos seus filhos na velhice é um dos maiores presentes que você pode dar a eles.