Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: A Cidade)
Bom dia caro leitor! Tudo bem com você? Já não bastasse o cenário caótico da saúde e da economia, agora também estamos vivenciando uma crise política. Em meio a tudo isso, muitas pessoas têm se perguntado se o Governo poderia confiscar a poupança, assim como fez no Governo Collor. O artigo dessa semana é para esclarecer essa hipótese.
Em primeiro lugar, se você tem medo de perder seu dinheiro e o deixou na poupança, sinto te informar, mas você já está perdendo dinheiro há algum tempo. Hoje a rentabilidade da poupança é NEGATIVA, ou seja, ainda que o seu montante de dinheiro esteja aumentando a cada mês, você está perdendo seu poder de compra. Isso acontece por causa da inflação, que atualmente está maior do que o rendimento da poupança, fazendo com que este não acompanhe a evolução dos preços dos produtos básicos. Sabe aquela sensação de que, a cada vez que você vai ao supermercado, gasta a mesma coisa e a quantidade de sacolas só diminui? Pois é., isso é a inflação.
Em segundo lugar, entenda que o governo Collor não confiscou a poupança. Na época, era necessário conter o consumo para diminuir a inflação (essas duas variáveis andam de mãos dadas) e o governo congelou a poupança, seja, apenas proibiu os saques. O erro foi que, em um cenário de inflação altíssima e descontrolada, quando houve a liberação dos saques, o seu dinheiro ainda estava lá, mas não estava corrigido pela inflação e, por isso, você perdeu dinheiro. Um dos grandes objetivos econômicos de um país é manter a inflação e a taxa de juros sob controle e, de tempos em tempos, quando há desequilíbrios, algumas estratégias podem ser colocadas em prática para esse controle. É claro que não estamos defendendo o que ocorreu, pois foi um erro não ter corrigido os valores que ficaram congelados na poupança naquela época.
Nossa intenção aqui é te contar porque é muito IMPROVÁVEL que haja um congelamento nesse contexto em que estamos vivendo, tanto da poupança quanto dos títulos públicos. Existem muitos recursos na nossa economia que podem ser usados como emergenciais: o FGTS, por exemplo. Portanto, ainda existem outras estratégias econômicas para a liberação desses recursos que podem ser colocadas em prática. Aí você pode questionar: Mas o governo pode quebrar?
Possibilidade, existe. Mas não é tão simples assim: o governo tem o interesse de se manter pagando e honrando todas as suas contas. Se ele der sinais de que não vai conseguir honrar suas dívidas, os investidores estrangeiros param de alocar seus recursos aqui e isso gera um impacto econômico em todos os sentidos, inclusive para a inflação. As medidas que vem sendo tomadas, como o Coronavoucher, são para permitir que as pessoas continuem consumindo e a economia continue girando. O principal sinal de que tudo vai muito mal economicamente, seria um aumento rápido e elevado da taxa de juros, como já aconteceu em outros países, como Argentina. Aí sim, poderia se começar a pensar em resgatar seus recursos das aplicações.
No geral, essas estratégias não são de direita ou de esquerda, ou mesmo de um governo específico. São medidas pensadas para proteger a economia do país. Este não é um momento de “torcer” para o lado A ou lado B. Você pode fazer isso nas urnas, quando ocorrerem as eleições. Esse é um momento em que devemos nos dar as mãos e ajudar quem estiver ao seu redor: isso inclui não receber auxílio do governo, caso você não esteja em situação de extrema sencessidade. Haja com empatia e ética e passaremos por isso mais fortalecidos e conscientes, inclusive financeiramente.