Antonio Rocha Bonfim (Foto: Divulgação)
Um belo nome: Maria.
Um ofício igualmente belo: Professora – com P maiúsculo.
O nome completo: Maria da Silva Tudor. Maria por causa da mãe de Jesus, e Silva, nome de família. Quando alguém pergunta sobre o Tudor, Maria – com seu jeitinho didático e cativante de professora – explica:
“Papai era professor de História, foi ele quem escolheu o Tudor de meu nome, uma homenagem à família inglesa oriunda do país de Gales, família esta que, de 1485 a 1603, deu cinco soberanos à Inglaterra.”
E quando lhe perguntam quais foram os soberanos, Maria completa pacientemente a explicação:
“Henrique VII, Henrique VIII, Eduardo VI, Maria I Tudor e Elisabete I.”
Como se diz por aí, ser professor Jesus em uma residência humilde no alto do morro. O lugar é violento e Maria usa a Educação como nobre arma para equacionar o problema. Algumas pessoas criam problemas; outras não criam problemas, mas também não tentam resolvê-los; e outras, além de não criarem problemas, tentam solucioná-los. Maria pertence ao terceiro grupo, não por conveniência financeira ou qualquer outra, já que a remuneração dos professores é pífia e nem mesmo reconhecimento e respeito eles têm. Maria desempenha seu papel na sociedade por absoluta convicção, pois acredita que a Educação é capaz de transformar.
Posto o perfil de Maria, passemos à história.
Nas noites do alto do morro, Maria costuma pegar no colo o menino Jesus e, com ternura, dizer:
“De onde estamos podemos admirar mais de perto as estrelas que estão lá no alto, e se olharmos para baixo, podemos imaginar que as luzes da cidade também são estrelas; temos um duplo céu, filho.”
Maria embala o menino Jesus que, por ser recém-nascido, nada fala, mas, olha para a mãe e sorri com a inocência dos puros.
A serenidade no semblante do menino Jesus faz com que Maria experimente grande emoção. A mãe pronuncia doces palavras ao filho e fica maravilhada com a inocência estampada na face do menino.
Às vezes, Maria nota traços brilhantes riscando o espaço, ocasiões em que afaga ternamente o filho e diz:
“São meteoros... melhor dizendo, são estrelas cadentes, se fizermos um pedido com genuína fé, do fundo do coração, o pedido se realiza, vamos pedir que a paz se instale na Terra, filhinho?”
E o menino dirige à mãe aquele sorriso iluminado. Maria sente que o filho concorda. Pede pela paz e beija o menino.
Maria pretende conservar a inocência do filho. Assim como tem o tempo da semeadura e o tempo da colheita, também tem o tempo de ser criança e o tempo de tornar-se adulto.
No que depender da mãe, Jesus terá uma infância de inocência. Só no momento oportuno o menino vai descobrir que aquelas estrelas cadentes são, na verdade, munição das armas dos homens beligerantes que criam problemas.