Manuel Ruiz Filho (Foto: Divulgação)
Esses dias me pediram para falar sobre o vento. E eu tentei falar. – Eu disse à pessoa que o vento é como um carteiro, com ele vem a chuva, o amor e a alegria. O vento leva a solidão e traz poesia. E nesse leva e traz, eu digo mais – o mesmo vento que leva a tristeza, é o mesmo vento que traz a paz. O vento é mágico. Varre folhas, flores e frutos enchendo de vida, a vida de amores. O vento varre o desiludido, varre as músicas e até mesmo o som da beleza, por que não varre então a insegurança do incompreendido? O vento varre os meses, os anos, até mesmo os dias, pena que o vento não tem varrido a pobreza, o azar e a covardia. O vento não pode e não deve varrer a esperança, a crença e o amor. Eu pediria ao vento que no lugar disso pudesse varrer a ignorância, a impaciência e também a dor. Que o vento não possa varrer a claridade, a felicidade e a alegria, eu pedi a ele que no lugar disso fizesse a varredura da tristeza, da inveja e melancolia. Que aprenda o vento a varrer a mentira, a miséria e a maldade, mas jamais esqueça o vento de nos trazer a luz, a beleza e a liberdade. Que esqueça o vento de nos trazer escuridão, a ignorância e a doença, mas que jamais esqueça o vento de mandar embora a carência de nossa fé, do nosso amor e da descrença. O vento varre a gente, varre os outros e até mesmo nossa alegria. Por que não varre então o vento toda doença, toda amargura e a pandemia?