Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia caro leitor! Tudo bem com você? Você certamente ouviu falar alguma coisa sobre a alta no preço do arroz na última semana. Você também deve ter ouvido que o PROCON vai investigar, que nossos governantes questionaram os comerciantes e produtores e que nosso presidente pediu para que o empreendedor fosse patriota nesse momento tão difícil. Os barulhos e polêmicas em volta desse assunto foram muitos, mas estamos aqui para te explicar como a economia impacta sua vida e o porquê ocorre essa volatilidade de preços. Ter um mínimo conhecimento disso te liberta de ser massa de manobra na mão de políticos que só querem garantir a próxima eleição.
A primeira coisa que você precisa saber é que, gostando ou não, nós vivemos o regime do capitalismo e precisamos entender seu funcionamento. Nesse regime, o Estado deveria intervir de forma mínima e os preços são definidos de acordo com a oferta e a demanda. Isso significa que: se eu tenho um produto sobrando nas prateleiras (muita oferta e baixa demanda), seu preço tende a cair; e se tiver um produto faltando nas prateleiras (baixa oferta e muita demanda), seu preço sobe. Esse movimento de preços pode ocorrer de forma mais abrupta ou mais lenta, dependendo do produto e da necessidade das pessoas.
O segundo ponto que você precisa saber é que o agronegócio é o carro-chefe da economia do Brasil: exportamos muito nossos produtos e compramos muita tecnologia de fora para produzir. Portanto, esses produtos possuem relação com o preço do dólar. Um dos motivos que faz o dólar ficar mais caro para nós é a quantidade dessa moeda disponível na nossa economia. Uma das políticas econômicas que controla (ou não) a alta do dólar é a famosa Taxa Selic.
A taxa Selic funciona como o “preço” do nosso dinheiro. Alguns investimentos do nosso país (como Tesouro Direto) estão atrelados a essa taxa. Atualmente, somos um país subdesenvolvido, com um cenário político-econômico instável e bagunçado, mas temos uma taxa Selic próxima das taxas de juros de países desenvolvidos, como EUA. Imagine que você fosse um investidor estrangeiro: porque você investiria no Brasil, correndo um risco enorme de perder o seu dinheiro, se pode investir em uma economia mais forte e ganhar a mesma coisa, correndo um risco muito menor? Quando nossa taxa Selic está baixa como agora (2%), os investidores estrangeiros tiram seus dólares daqui para investir em outro país (que paga mais ou tenha menos risco). Isso faz com que a quantidade de dólar circulando na nossa economia diminua e, pela oferta e demanda, o preço do dólar aumenta.
Você se lembra que nós falamos que, na nossa agricultura, precisamos comprar tecnologia de fora para produzir? Se o dólar aumenta, a produção encarece. A consequência disso é que o aumento de custos é repassado para toda a cadeia produtiva daquele produto, até chegar na prateleira do supermercado, que repassa os preços para você, consumidor.
Em toda essa situação, ainda tem um agravante: imagine que você tem um celular que valha R$ 1 mil. Você está vendendo seu celular ao preço justo de R$ 1 mil e, além do comprador que paga esse valor, você tem outro comprador que ofereceu R$ 2 mil no seu celular. Para quem você venderá? As margens de lucros para produtores e comerciantes no Brasil são tão apertadas, que é óbvio que, quando há oportunidade, eles vão vender para quem está pagando mais: isso é instintivo, você também o faria.
Portanto, temos um cenário de alta do dólar, com um repasse de preços natural em toda a cadeia produtiva e temos a escassez de produtos na prateleira porque ele está sendo exportado e as pessoas tem consumido mais: o resultado é o aumento de preços. E a culpa NÃO é do comerciante ou do produtor.
A questão é que o próprio mercado distorce os preços para cima ou para baixo, e esses movimentos costumam ser passageiros. Ano passado foi o tomate, no outro foi o feijão e assim vai. Entretanto, nunca alguém reclamou porque o preço da cenoura ou da batata estava baixo demais não é mesmo? Já imaginou a margem de lucro do produtor, quando você paga apenas R$1 do quilo da batata? Pois é. O próprio mercado se ajeita e não ousamos reclamar de preços quando as quedas nos favorecem.
Então fique atento a esse tipo de acontecimento, seja consciente de como todo esse movimento de preços te afeta e cobre dos governantes soluções mais eficientes. O PROCON fazer investigações está certo, porque multa aqueles que se aproveitaram da alta natural para explorar os outros, mas isso não vai resolver o problema. E saiba que você também pode ajudar a diminuir esse preço (você é a demanda dessa equação): se comprar menos, o produto sobra e o preço se reequilibra.
Esse artigo teve como objetivo te mostrar os efeitos da economia na sua vida! E isso é importante para que você seja livre da manipulação da mídia e dos governantes, que só estão preocupados em manter seu poder e seus privilégios. Estamos aqui para gerar conhecimento, e conhecimento é poder. Para saber mais, siga nossas redes sociais @happymoneuoficial no instagram.