Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá caro leitor! Tudo bem com você? Hoje queremos te explicar um pouco da economágica existente nas meias entradas de eventos culturais, nas viagens gratuitas de idosos e em todos os outros “benefícios” de preços que vemos por aí. Já se questionou como seria possível o Estado interferir nos preços dessa forma? Quem paga por esses benefícios? É isso que vamos te contar!
Vamos começar pelo polêmico ingresso da meia entrada para o estudante. A lei é de que todos os estabelecimentos ligados ao setor cultural (shows, teatros, cinemas, etc.) devem oferecer ao público dois tipos de ingresso: aquele que seria o preço justo e o de metade do valor, que seria para os estudantes. O problema é que não existe meia-entrada: existe entrada em dobro. Vamos te explicar: ao criar essa lei, o Estado não repassa nenhum valor aos estabelecimentos e não faz com que o custo do evento ou local seja mais barato. Imagine uma sala de cinema: existe um custo para que ela esteja aberta e limpa, para que o filme possa ser assistido ali, um custo de energia, etc. Esses custos não reduzem só porque o Estado colocou uma lei de meia entrada. Para corrigir esses valores, os estabelecimentos precisaram ajustar seus preços e o que existe, na verdade, é o preço justo (que é a meia entrada) e o ingresso em dobro. Se a ideia do Estado era garantir mais acesso às pessoas, principalmente aos estudantes do país, o tiro saiu pela culatra: isso porque quem estuda, no Brasil, são os jovens da classe média e da classe média alta, ou seja, quem tem acesso aos ingressos mais baratos são os jovens que poderiam pagar por esse ingresso. Para quem não tem a carteirinha de estudante, ficou ainda mais caro frequentar esse tipo de espaço e o acesso ficou ainda mais restrito, principalmente às pessoas mais pobres.
Outra economágica de benefícios é a lei que determina que as empresas de ônibus devem oferecer uma porcentagem de seus assentos aos idosos que, segundo a lei, devem viajar gratuitamente. Acontece que o “gratuito” também não existe: pelos mesmos motivos citados no caso anterior, o preço das passagens dos idosos (que viajam de graça) está diluído no preço para os demais passageiros. Obviamente, isso encarece a viagem para quem está pagando por ela. Novamente, a intenção era garantir que os idosos tivessem acesso à viagens, mas o que ocorre é o encarecimento do serviço (isso sem contar as filas de idosos que ficam por horas esperando para conseguirem marcar uma passagem nos guichês das rodoviárias).
Entenda que, quando falamos de economia, “não existe almoço grátis”. Isso significa que todo benefício oferecido está sendo pago por alguém, já que as empresas não tem como arcar com os custos tendo diminuição dos seus lucros. Precisamos mudar essa mentalidade mesquinha do brasileiro que tem aversão ao risco, que acredita que o empresário é o mercenário que enriquece às custas dos outros. É fato que NENHUMA empresa sobrevive sem lucros e obviamente, o empreendedor sempre vai buscar o máximo lucro possível.
Não é benéfico para a economia que o Estado controle os preços dessa maneira. Controle de preços gera improdutividade das empresas e burocratização dos serviços. Também não é benéfico para nós, consumidores: se essas leis não existissem, os preços seriam mais acessíveis e mais pessoas teriam acesso a esses serviços. Nesse caso, deixar a livre concorrência determinar os preços levará a um preço justo para todos. Devemos ficar muito atentos e sermos muito críticos em relação a esse tipo de benefício: tudo que é gratuito para o consumidor está custando para alguém e, muitas vezes, valores muito mais exorbitantes do que deveriam.