Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Então é natal...e o que você fez?
Bom dia caro leitor, tudo bem com você? Sim! Estamos em dezembro – quem não desejou que esse ano acabasse logo, que atire a primeira pedra. Mas a sensação é de que o ano voou mesmo e, apesar de todos os pesares, foi um bom ano profissional para muita gente, e arriscaríamos dizer que de muita evolução espiritual e mental também. Já dizia o provérbio oriental que “tempos difíceis criam homens fortes”, não é mesmo?
Culturalmente, o mês de dezembro e todas suas festividades representam o fim de um ciclo. Porém, verdade seja dita, é nessa mesma época que as pessoas acabam criando uma cova para sua vida financeira do ano que ainda virá. Temos Black Friday, compras de natal, enfeites, comemorações, amigo secreto, presentes, etc., e a verdade é que poucas pessoas se organizam para tudo isso e acabam parcelando tudo no cartão. Resultado: o próximo ano começa com parcelas penduradas até o mês de abril, com as quais se juntam todos os impostos e gastos do começo do ano e vira uma bola de neve do fracasso financeiro.
A questão é que estamos sempre consumindo ou gastando. Vivemos um em looping de consumo que faz com que as pessoas, ano após ano, percam sua qualidade de vida e fiquem cada vez mais escravas de seus trabalhos – e chefes odiados – precisando gastar cada vez mais para se sentirem mais felizes. No começo de cada ano temos todos os gastos característicos – IPVA, IPTU, anuidade de conselho, material escolar, rematrícula das crianças nas aulas de inglês, natação, judô e ballet. Em fevereiro temos carnaval – aquele tempo em que as pessoas aproveitam para ir pra farra, pagando altos valores pelas festas ou descansando em um resort, ou ainda na praia – mais gastos.
Depois do carnaval vem a páscoa, em que as pessoas financiam os ovos – cada vez mais caros – pelo menos, até julho. Em maio temos dia das mães; em junho, dia dos namorados. Ainda em junho e julho, festa junina. Agosto tem dia dos pais. Outubro, dia das crianças. Em novembro, Black Friday. Para finalizar o ano, dezembro tem natal. Isso sem contar os aniversários dos amigos e familiares e as datas comemorativas da própria família, como aniversário de casamento. Resumindo, vivemos para consumir.
Se você parar para pensar, a cada vez que faz uma prestação com um novo presente, está contando com um dinheiro do futuro – que nem tem garantias que existirá. Esse é o grande erro das pessoas e é por isso que elas vivem para pagar cartão e estão sempre reféns de suas contas, tendo que trabalhar cada vez mais – e sendo mais infelizes. Como sair dessa montanha russa que parece não ter fim?
O nome do jogo é PLANEJAMENTO. E, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, esperar a virada do ano para começar é tarde demais. Normalmente, em janeiro, você já comprometeu boa parte da sua renda com as prestações do natal, e remediar é sempre o caminho mais difícil. O ideal é começar a planejar agora: analise todas as suas compras e também suas faturas do cartão para os próximos meses. Analise QUANTO você ainda pode gastar em dezembro sem comprometer seu novo ano e coloque metas para cada gasto. Talvez, ao fazer essa análise, você descubra que não pode gastar mais nada porque já torrou sua cota: faça o que tem que ser feito.
Começar o novo ano com uma vida financeira organizada, ou pelo menos não bagunçar mais ainda o que já está ruim, é o primeiro passo para, de fato, fazer um ano novo diferente. Não adianta usar roupa amarela e fazer as mesmas promessas de tantos anos, que até agora você não foi capaz de cumprir. Vida financeira organizada significa liberdade de escolha, mas só é possível com sua ação. Então a pergunta não é “o que você fez?”, mas sim, “o que fará daqui em diante?”.