Em uma de minhas leituras matinais, aquela que me permito à atualização necessária sobre os fatos relevantes em nosso tempo, encontrei uma matéria que me fez pensar, e muito, sobre as injustiças comuns entre os seres humanos empossados de poderes de julgamento sobre atos indignos praticados por outros humanos.
O missivista relata fatos de nosso sistema prisional que mantém inúmeros cidadãos enclausurados para muito além do tempo que, inclusive, lhe foi imposto pela lei dos Homens. São pessoas que não contam com recursos, diga-se de passagem, vultosos, para driblarem as inúmeras formas jurídicas que são impostas pelo próprio sistema. Mas, para alguns que contam com recursos e relacionamento com excelentes advogados e advogadas, estas barreiras são superadas pelos mecanismos que não ocultam o negam os delitos cometidos. Apenas são artifícios legais, não ilegais e, portanto, factíveis que são, com absoluta brevidade, fazem com que os infratores sejam libertados do cárcere.
Assim, parece-nos que o muitos viram acontecer, alguns confirmaram os delitos, outros delataram seus parceiros anteriores (melhor seria comparsas), outros poucos fizeram devolver parcialmente o resultado de suas peripécias com o erário público, um número muito pequeno foi parar no cárcere que a apresentação do diploma de curso superior lhes confere (talvez uma regalia), e um número muito pequeno, ínfimo até, se viu livre da reclusão por um “detalhe equivocado do processo administrativo da justiça”. Vejam, iniciei por dizer que muitos viram acontecer o delito e, por fim, um detalhe, um mero e insignificante detalhe, fez apagar o que muitos presenciaram e outros confessaram.
Qual é o significado da justiça para todos e do texto constitucional de que todos são iguais perante a lei? Parece-nos que estes “todos” são os poucos que contam com os recursos para remunerar profissionais competentes, conhecedores dos meandros legais/jurídicos, que são exímios defensores de causas absolutamente vantajosas financeiramente. Estes cumprem sua missão e não podem ser execrados e, não o faço com esta minha manifestação. Apenas e tão somente, penso que como muitos brasileiros e brasileiras, nos sentimos impotentes frente aos fatos que presenciamos em todos os rincões de nossa Terra Brasilis.