A itinerário da viagem insólita que toda a humanidade convive nestes longos dezesseis meses da pandemia do COVID-19 perpassa, indubitavelmente, por inúmeras interpretações que provocaram, e ainda provocam, incertezas e desconfianças de toda a população brasileira em relação aos seus “supostos líderes”.
A ausência de atitudes respaldadas em conhecimentos científicos, desde o primeiro momento da instalação da pandemia, fez com que algumas festas da cultura popular fossem mantidas sem que as consequências à saúde da população fosse a fundamentação das decisões equivocadas adotadas em todos os níveis decisórios.
De um lado os profissionais da saúde em busca de possíveis caminhos seguros para o enfrentamento do vírus altamente letal, sem respaldo e com parcos recursos presentes no sistema público de saúde, hoje tornados claros e irrefutáveis nas ausências de previsibilidade natural de um planejamento competente. Há a falta de remédios, insumos de toda ordem, espaços de atenção à saúde da população e a absoluta ausência, em longos anos, da verdadeira atenção à saúde da população brasileira.
De outro, os “eleitos para representar o povo brasileiro” em todos os níveis de governo, demonstrando seu total despreparo no enfrentamento responsável da crise que se instalou e continua promovendo mortes a cada dia mais numerosa. Vimos estes eleitos, sem qualquer formação ou conhecimento sobre o fenômeno, vociferando palavras de ordem totalmente afastadas da coerência e da observância do que está cientificamente comprovado, não apenas em uma comunidade de um país menor que o nosso. Insistem em defender o indefensável e estimular atitudes contrárias às orientações que salvam vidas.
Interessante, ainda, observar que decidiram e legislaram a favor da redução do salário do trabalhador em função da pandemia jogando significativa parcela da sociedade trabalhadora à própria sorte e sem condições de sobrevivência. O importante é preservar a economia, o lucro e, como todos observam diariamente, a alta de preços de produtos que alimentam a população.
Houve, na capital do maior estado brasileiro, propagandas colocadas em veículos de mídia, obviamente pagas, para informar que determinado setor havia se dedicado a “doar” recursos resultado de economias nos gastos. Uma outra prefeitura que gastou R$ 7.700.000,00 na compra, recente, de um avião. Mas, de nada vale nossa demonstração de insatisfação com os rumos e destinos que estes “líderes” buscam encontrar, eles continuarão afastados de seus eleitores até o próximo período de campanhas eleitorais. Até quando?
Não temos em quem ACREDITAR, resta saber se teremos a consciência de CREDITAR as responsabilidades pelos que conduziram, equivocamente, as ações do efetivo combate ao vírus. Uma simples constatação: há quantos anos que são denunciados o caos na área do saneamento básico, transporte público, educação e não vemos avanços concretos? Na educação pública em que em raras prefeituras conquistaram, de imediato, prosseguir com a formação de crianças e adolescentes em meio remoto em contraposição ao prejuízo alarmante da enorme maioria das escolas públicas. Um país que afirma, repetidamente, que as crianças são o futuro da nação, que futuro será esse? A quantos deles, os “líderes” creditaremos os enormes prejuízos já causados?