Há muitas definições de inteligência, mas a que costumo usar é que a inteligência é a capacidade de resolver problemas. Quando falamos de inteligência, temos que citar também o poder da consciência, ou seja, aquele sistema orgânico capaz de provocar a nossa sensação de sentir, de possuir aquele estralo em nossas cabeças sobre o que fazer em muitas situações. A consciência então, passa a ser um elemento coadjuvante da inteligência, que nos fornece o insight, intuição para medirmos e solucionarmos grandes problemas. É através da consciência que sentimos medo ou coragem, motivação ou enfado, e acima de tudo o desejo de sermos algo melhores do que somos a cada dia. Filosofia a parte, somos resumidamente matéria orgânica e inorgânica, e me pergunto se haverá algum dia que a matéria inorgânica, composta por inteligência artificial será capaz de gerar consciência natural. Estamos longe disso.
Sim, temos inúmeros aplicativos que facilitam a nossa vida, aplicativos matemáticos auxiliam engenheiros calculistas, aplicativos e tecnologias médicas fazem o mapeamento cerebral através das veias e artérias para diagnosticar aneurismas ou problemas neurológicos. Softwares modernos conseguem até prever a real chance jurídica de um pleito ou rito processual de duas demandas diferentes serem a parte vitoriosa ou fracassada. O fato é que a tecnologia, os algoritmos da inteligência artificial, ou seja, da parte inorgânica, são uma série de respostas a perguntas formuladas pela consciência natural humana. Embora a Tesla tenha disponibilizado veículos autônomos aptos a realizar trajetos sem interferência humana, a referida interferência já acontece logo na parametrização do percurso desejado. Ou seja, sempre haverá a necessidade de uma inteligência maior dominando e submetendo a inteligência artificial a um conjunto de regras.
Grande parte dos problemas e desafios da vida devem ser enfrentados de uma maneira concentrada, mas ao mesmo tempo descontraída. O fato de estarmos preocupados interfere na nossa capacidade de estado de consciência. É natural o esforço do ser humano para não deixar transparecer suas preocupações ao demais, e nesse esforço prevalece o domínio do comportamento totalmente avesso à inteligência: o modo e a imagem de descontração, mas intimamente desconcentrado, e incapaz de resolver questões simples. Ao contrário do que pensamos cientificamente e academicamente, a vida não nos traz problemas como aqueles que vemos em questões de provas, com questionamentos bem estruturados e formulados. Eu por exemplo me formei com o pensamento fixo na resolução de questões de provas e querendo unicamente solucionar questões complexas de provas. A minha surpresa foi grande quando me deparei com os principais problemas da vida, bem diferentes dos enunciados estruturados academicamente. A vida nos desafia a adivinhar precisamente o que ela quer de nós. Este é o papel principal do líder, gestor, pai de família, gerente industrial ou qualquer cargo de influência sobre as demais pessoas: saber interpretar questões da vida, longe da visão acadêmica e gerencial, mas com o âmbito focado no andar e discorrimento do tempo que temos em nossos afazeres.
Se de fato haverá um momento no qual sejamos capazes de gerar consciência artificial em seres inanimados ou inorgânicos para resolver nossos principais problemas, não sei responder e acredito que a ciência está anos luzes de distância desta resposta. Portanto o melhor caminho é sermos concentrados e descontraídos para respondermos questões vitais como, o que eu quero para minha vida? Qual é o meu objetivo? Como me vejo daqui a dez anos? E o que estou fazendo com meu tempo para chegar aonde quero? Contamos com o maravilhoso algoritmo cerebral e a consciência natural para estas reflexões construtivas, que trouxeram o homem ao mundo desenvolvido e tecnológico de hoje. E para estas questões não existe inteligência artificial ou aplicativo que nos dê as melhores respostas.