Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia, caro leitor! Como vai você? Bom, o assunto dessa semana é para te levar a uma reflexão sobre suas próprias prioridades e princípios de vida. Você sabia que eles definem a forma como você consome? Ou, pelo menos, deveriam definir, se você agisse de acordo com eles.
Segundo o filósofo polonês Bauman, vivemos um “mundo líquido”: um tempo em que nada foi feito para durar, nem os objetos, nem as relações. Uma geração que não conserta nada: quebrou? Basta trocar por um novo. Serve para objetos, amigos e relações amorosas. Além disso, vivemos também o consumismo desenfreado, em que vale mais “ter” do que “ser”. Prova disso é nossa forma de mostrar o nosso sucesso: precisamos colecionar coisas, ter o carro do ano, um certo modelo de celular, uma marca de roupa específica e uma casa própria (ainda que seja financiada e pertença ao banco por 30 anos). Ser feliz tem sido sinônimo de TER (e mostrar que tem) coisas.
A consequência disso? Pessoas cada vez mais infelizes, escravas de um trabalho que não gostam, mas com infinitos boletos para pagar todos os meses. É o que chamamos de corrida dos ratos. Pessoas que medem sua dignidade pelo carro e casa que possuem, mas passam o ano dizendo que trabalham demais, não tem tempo para os filhos e não tem dinheiro para fazer as viagens que gostaria.
Já dizia Gustavo Cerbasi que “status é comprar coisas que você não quer, com um dinheiro que você não tem, para convencer pessoas que você não gosta que você é alguém que ainda não conseguiu ser”. Você já fez um exame de consciência? Olhe para tudo o que você tem hoje: você comprou porque realmente te faz feliz? Ou porque alguém esperava que você tivesse essa posse?
O problema não é quando você é plenamente feliz e satisfeito com as escolhas que fez: está pagando um financiamento e isso te faz feliz porque é seu lar? Ótimo! O problema é quando isso começa a tirar seu sono; quando te impede de viajar para os lugares que você gostaria; quando te impede de realmente viver a vida que você desejou. Será mesmo que vale a pena viver para atingir as expectativas alheias ao invés de olhar para o que você realmente deseja?
Mas o que seus princípios tem a ver com isso? Vamos pensar: imagine que você seja uma pessoa que gostaria de conhecer o mundo, e isso tem um certo custo envolvido. Isso significa que um dos seus princípios é a liberdade. Aí você está inserido em uma cultura que te diz que, para sair da casa dos seus pais, você precisa ter uma casa própria. Você cede e faz um financiamento, pagando R$ 1000 de prestação todos os meses. Você mora na casa, mas vive reclamando que não tem dinheiro nem pra ir a um resort na cidade vizinha no feriado prolongado. O pior é pensar: “ah mas pelo menos tô pagando algo que seja meu” e eu te pergunto: a que custo? O que você tem que abrir mão na sua vida para pagar por isso? O que te deixa mais feliz: Ter a casa (não estamos falando de morar, já que isso é possível sem comprar o imóvel) ou conhecer diferentes lugares todos os anos? De que outra forma você gastaria esses R$12 mil anuais?
Pois é, são questões que doem. Por isso o autoconhecimento é tão importante: significa colocar seus recursos (que são limitados) em lugares que vão te fazer realmente feliz. Que vão te fazer olhar para a vida e pensar que ela vale à pena. TER é diferente de SER. Aproveite que estamos no final de abril para se reconectar com você mesmo e rever os hábitos de consumo que fazem sentido na sua vida: ainda dá tempo de mudar de vida em 2021!