Muitos dos leitores contam com itinerário profissional e pessoal em que o tão sonhado, por alguns, “Diploma” se constituiu em instrumento de validação de sua intervenção profissional coerente, construtiva e inovadora quando de sua inserção no mercado de trabalho. Este que vos provoca, também viveu o tempo em que ter um curso de “datilografia”, obtido em escola reconhecida e que conquistou apresentar alto rendimento produtivo de palavras em uma máquina de escrever mecânica em um teste contrarrelógio, com as teclas sem identificação, era sinônimo de eficiência para a contratação por um “escritório”.
A avaliação era centrada exatamente na velocidade e precisão na escrita em uma dessas máquinas. Pouco ou nada interessava o texto escrito, a coerência da produção ou o significado daquele documento final. O teste era contra o relógio. Quando era contratado e lhe pediam um texto sobre algum assunto ou até um simples relatório, de nada valia a técnica da datilografia, não é?
O diplomado orgulhava-se de seu resultado nos testes realizados, demonstrava exímio domínio sobre as teclas de sua máquina e com erros de digitação mínimos ou nulos. Valia muito para um cartório, talvez. O diploma lhe abria as portas. E hoje, como é avaliada a pessoa para uma contratação, pelos seus diplomas ou conhecimento. Ao diplomado não basta exibir seus diplomas, certificados, prêmios ou quaisquer outros meios de demonstrar sua qualificação.
O “senhor mercado”, como muitos economistas gostam de afirmar, pede algumas competências que não estão inscritas nos diplomas ou nos feitos realizados em outras empresas ou “locus” de intervenção. A formação centrada em arquivar conhecimentos na memória não mais serve para a atuação socialmente responsável que se espera de um colaborador em uma instituição/empresa, seja ela qual for.
A frase que nos foi dita pelos anos de nossa escolarização, qual seja: “no futuro você saberá para que serve o que estou de ensinando hoje”, e este futuro não chegou ou você não soube associar sua aprendizagem ao que o momento exigia sua demonstração de tal conhecimento, não é?
Semana passada um cidadão me procurou dizendo “eu tenho experiência de cinquenta anos e não sou ouvido”. Ao que lhe respondi: “se a experiência fosse nosso único referencial de sucesso ainda estaríamos acendendo a fogueira com dois gravetos”.
O mundo, como um todo, se transforma a cada segundo e não estamos nos preparando ou preparando pessoas para esta realidade se continuarmos nos valendo das mesmas ferramentas, formas, metodologias e exemplos vividos por nós. Todos estes não estão significados nas pessoas que buscamos formar e estas, em meio às dificuldades, vão dizer: isto não me foi ensinado e, pasmem, culparão seus professores, não é?
Algumas pessoas já descobriram o que, de fato, é significativo na vida em formação pessoal e profissional. O conhecimento e sua aplicação em momentos de decisão, inovação, criatividade e sucesso da realização é o que importa. Ter conhecimento e não saber como o aplicar de nada lhe servirá e o “senhor mercado” não o reconhecerá. Bora mudar de livro, não basta mais virar a página.