Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia, caro leitor! Tudo bem com você? Esperamos que sim! O frio chegou por aqui e queremos aproveitar para esquentar um pouco o assunto! Por isso, hoje vamos falar sobre economia. Na semana passada, um seguidor perguntou o que era “rolagem da dívida pública” e o que isso significava para nós, enquanto cidadãos. Vamos falar um pouco sobre isso.
Possuir uma dívida pública já significa que o Estado gasta mais do que arrecada, lembrando que Ele não produz, mas ganha dinheiro por meio dos impostos que nós pagamos. Um país que tem saúde econômica precisa de três pilares: controle orçamentário (gastar menos do que arrecada); meta de inflação (controle monetário que não destrói o poder de compra da moeda) e livre-mercado, que é o que torna o país mais produtivo e competitivo com as demais empresas do mundo e nos faz ser produtores de riqueza.
“Rolar a dívida” é jogar a dívida para ser paga no futuro. Nos anos 80 e 90 o Brasil viveu períodos terríveis em relação à hiperinflação: várias moedas foram criadas tentando barrar esse problema, já que isso afeta diretamente a qualidade de vida da população. Foi tão grave que até hoje existe esse “fantasma da inflação”, que assombra as pessoas que viveram nessa época.
Apenas em 1994, com o Plano Real, esse problema foi resolvido, justamente porque se colocou um limite de inflação, que é gerada pelo aumento de dinheiro no sistema econômico. Justamente por isso, o assunto “imprimir mais dinheiro” é tão polêmico: a consequência de imprimir dinheiro e aumentar a oferta monetária é justamente a inflação. E isso afeta, especialmente, a vida dos mais pobres. Mas o Plano Real consertou apenas um problema da balança: ele limitou a oferta monetária, mas não cuidou do controle orçamentário. Moral da história: não podia mais aumentar dinheiro no sistema, mas os gastos continuavam aumentando.
Foi aí que começou a emissão de dívidas que, basicamente, é pegar dinheiro emprestado das pessoas. O banco pode emprestar dinheiro para o Estado, mas as taxas de juros são muitos altas. O Fundo Monetário Internacional – FMI também pode emprestar, mas ele coloca condições e regras econômicas para isso, o que “dá trabalho” para implementar. Então a forma mais fácil de captar recursos (sem ter que aumentar impostos abruptamente) é emitindo títulos da dívida pública, mais conhecido hoje como Tesouro Nacional. Quando você compra títulos do Tesouro Direto, você está emprestando dinheiro para o Estado se financiar e um dia, te pagar com juros. Basicamente, o Estado pega dinheiro para gastar hoje e um dia, no futuro, ele vai te pagar (se tudo der certo). Isso é a rolagem da dívida: literalmente, jogar a dívida para o futuro.
O problema desse movimento é que os problemas que poderiam ser resolvidos HOJE, como as reformas administrativas, tributárias, privatizações, etc. também se tornam pouco urgentes, afinal essa “bomba” do pagamento de juros só vai acontecer daqui a alguns anos. Não é à toa que pagamos tão caro pelos bens e serviços de consumo hoje: estamos pagando a conta de decisões econômicas tomadas nos últimos 10, 15 anos, baseadas em “deixar pra depois”. Com o que temos economicamente hoje, a tendência do aumento de impostos e da rolagem da dívida só tende a piorar, de forma que pagaremos ainda mais impostos daqui a alguns anos.
Ter conhecimento sobre economia é isso: entender como decisões presentes te afetam e qual o preço a se pagar pelas escolhas de hoje. Na essência, falar de economia doméstica ou macroeconômica é quase a mesma coisa: gastar menos do que ganha, investir bem o que sobra e cuidar das reservas, sem afetar as futuras gerações.