Ontem, dia 28 de junho, se comemorou o dia internacional do orgulho LGBTQIA+, o que no Brasil é celebrado, nacionalmente, no dia 25 de março como o dia nacional do orgulho gay.
Ainda, na mesma esteira, no último domingo, dia 27 de junho de 2021, ocorreu o primeiro Cine debate no Novo Cine Votuporanga, com a presença da Dra. Gabriela Carolina dos Santos Pinto, que palestrou sobre sua área de especialidade e nos deu uma visão geral sobre o filme que seria exibido na sequência: Verão de 85 (em francês Été 85), escrito e dirigido por François Ozon, baseado no romance Dance on my grave de Aidan Chambers. O artigo de hoje é fruto desta exposição e debate.
Ele conta a história de um amor de verão, que se iniciou com o salvamento em mar de Alexis, 16 anos, que havia virado seu barco, por David, 18 anos. Nesse contexto, o filme aborda o nascimento de uma relação de amizade, desejo e descobertas sobre a sexualidade. David já se sabia bissexual, mas Alexis, 2 anos mais novo, ainda estava passando pelo seu processo de descobertas e autodeterminação na vida e no amor.
O longa, que traz uma nova perspectiva sobre os clássicos filmes dos primeiros amores, nos faz refletir sobre a importância da representatividade LGBTQIA+ no cinema e no mundo. Ao trazer para as telas um casal de protagonistas masculinos, para representar uma história de amor de verão, François Ozon nos mostra que, independentemente da sua sexualidade, todos têm a possibilidade de se apaixonar. Eis a importância de debater essa obra cinematográfica às vésperas do dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.
Desde a revolta de Stonewall em 28 de junho de 1969, evento que deu origem à presente data comemorativa, a população LGBTQIA+ buscando por visibilidade, oportunidades e direitos.
E o que significa esta sigla? Expliquemos um pouco mais sobre ela, que foi ganhando letras e rearranjos pelo longo do tempo. Criada em 1994, a sigla era a GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), mas como o “S” se referia a todos aqueles que concordavam com movimento e não necessariamente homossexuais, decidiu-se retirá-lo para dar maior protagonismo aos demais.
Tempo passou, o e no GL foi incluído o “BT” – bissexuais e transgêneros, tornando-se GLBT. Ocorre que, o “L”, que se refere às mulheres lésbicas, estava na segunda posição e por pressão delas, o “L” passou a vir na frente, tornando-se: LGBT; o “T” passou a significar também, além de transgêneros, as travestis.
Mas ainda não estavam abarcados todas as orientações sexuais e identidades de gênero, somando-se à sigla o “Q” que se refere aos queer; o “I”, que são os intersexuais; o “A”, que são os assexuais e o “+”, que se refere ainda aos remanescentes, que também devem ser respeitados. Ou seja, está na própria sigla a evolução constante de seus direitos e de sua representatividade.
A luta por equidade é uma luta por Direitos Humanos; é garantir que todos tenham o direito de ter o seu “lugar ao sol”. Pensemos que dos múltiplos papéis sociais desempenhados pela nossa personalidade, a sexualidade é apenas uma delas. Vejamos como David sofreu agressão quando foi conversar com o amigo de Alexis no parque pelo fato de ser “bicha”; ele então não teria direito a falar nada por conta de sua orientação sexual?
Para encerrar, gostamos sempre de lembrar a frase do filósofo Voltaire, que é um mantra à liberdade de expressão: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”, e acrescentamos, porque um dia podemos ser nós mesmos os obrigados a calar.