O processo de escolha dos representantes do povo em todas as instâncias de governo está sendo colocado sob suspeição e, até o momento, sem comprovação efetiva dos possíveis desvios que teriam ou poderão vir a ser cometidos em prejuízo da democracia. Para o ano de 2022 teremos eleições para os níveis estadual e federal que mobilizará a totalidade da população brasileira apta para a escolha de seus representantes.
Estabelecer, previamente, a suspeição do processo eleitoral colocando em risco a fidelidade de todo o sistema é, sem dúvida, uma forma de desviar a atenção para os fatos hoje vividos em nossa sociedade.
As alegações de que há a necessidade de impressão do voto como forma de garantir a lisura parece-nos um tanto retrógrada e inconsistente. Cabem algumas perguntas: terá o eleitor a oportunidade de conferir seu voto impresso com o digital? É possível que tenhamos a alteração de ambos, tanto para um lado quanto para outro. O sistema pode registrar um voto, imprimir outro e vice-versa. A garantia de que o voto eletrônico será mesmo que o voto impresso existe?
Para quem conhece minimamente a tecnologia disponível e utilizada na construção do sistema eletrônico da eleição, da migração de dados e da computação de dados pode interpretar todas as possíveis variáveis implantadas em cada máquina, no processo de envio de dados e finalmente na computação final.
A questão, em nosso entendimento, reside na confiança depositada nos gestores do Tribunal Eleitoral, nos agentes construtores da tecnologia e, principalmente, na lisura do comando central de todo o processo. Parece-nos claro que o povo brasileiro duvida de boa parte dos gestores eleitos pelo voto popular, afetos ao desvio de erário público, garantias de privilégios individuais e usurpadores dos direitos dos brasileiros.
O tempo do voto impresso contava com fiscais em todas as zonas eleitorais de contagem de votos, eram de todos os partidos envolvidos, demandava muito tempo e consumia recursos de toda ordem.
Agora, com o mecanismo eletrônico, utilizado em inúmeros recursos de nossa vida, passamos a duvidar, de fato, de nós mesmos, não é?
De fato, duvidamos das pessoas colocadas em postos públicos para gerir os interesses do povo. No entanto, o povo, de fato, está há séculos esquecido por todos que tiveram acesso ao suposto poder. Lembro-me de algumas falas que marcaram minha infância: “rouba mas faz”; “sabe com quem está falando? ”; “eu sou o poder eleito e faço, mando e aconteço”, entre outras pérolas.
Estamos, todos nós, efetivamente compreendendo a democracia, nossos direitos e deveres? Algo muito simples que aprendi com meu professor Boaventura: “o que não pode ser para todos, não pode ser para um”, esta premissa não está presente entre nós pois, infelizmente, somos adultos egocêntricos, característica típica em crianças com menos de 10 anos, não é?