Há muitos anos que ouvimos e lemos inúmeros autores da área de negócios, mas especificamente da área da gestão pública, manifestarem-se quanto à imperiosa necessidade de serem desenvolvidas ações de profissionalização da gestão pública em nosso país.
Esta proposta é repleta de obviedades para sua adoção em todos os níveis de governo, do municipal ao federal. No entanto, o que vimos ocorrer em nossa vivência como cidadão foi a adoção do famigerado e deletério critério de nomeação do QI, mais conhecido por “quem indicou ou apadrinhou”.
Quando do momento das eleições municipais recentes (2020) pudemos conviver com as ações em um partido político que, durante o processo decisório sobre as questões de governo e na definição de programas específicos de cada área, foram envolvidas pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a área para a qual se predispuseram a contribuir.
Na área específica à qual nos disponibilizamos para discutir questões relevantes, o Esporte, Atividades Físicas e Esportivas e Lazer nos defrontamos com posicionamentos que reproduziam os aspectos elitistas destas áreas. As propostas rondavam a construção de “vilas olímpicas”, oferta de “esporte competitivo para crianças em tenra idade”, e o repetitivo e secular abandono da Educação Física Escolar.
Um dado que pode ser avaliado com precisão foi a nomeação de um senhor para dirigir uma das unidades municipais de Esporte, Lazer e Recreação que sequer contava com o ensino médio. A primeira atitude deste “cabo eleitoral” foi eliminar as atividades para os membros da terceira idade (idosos) em seu espaço alegando que, “o centro que dirijo é um espaço de alegria, vibração, saúde e jovialidade, não é espaço para velhos” e eliminou todas as atividades dirigidas aos idosos.
Outro ponto é que, ao longo de muitos anos, a direção geral da secretaria municipal que cuida do tema é entregue apenas a um político que sequer tem qualquer conhecimento sobre a gestão pública, já nem menciono conhecimento sobre a área uma vez que poderia se valer de profissionais conhecedores da área para o desenvolvimento, proposição e ampliação de programas. Ledo engano, para os cargos de comando são também indicados os afiliados políticos sem qualquer qualidade profissional que lhes permitissem atuar de forma coerente nas áreas mencionadas.
Por fim, pasmem, programas foram eliminados, quadro de profissionais da área extremamente reduzidos e, quando se fala em investimentos na área das atividades físicas e esportivas em prol da saúde, estes mesmos gestores desconhecem que a cada 1 real investido em programas desta natureza são economizados outros 5 no campo da saúde.
A questão que levantamos não se encontra atrelada ao corporativismo profissional no exercício da gestão da coisa pública. Reside, isto sim, na adequada e competente formação dos gestores públicos que ainda está contribuindo para o caos em todas as áreas. Ou as mazelas que vivemos no campo da saúde, educação e energia não são suficientes para referendar esta necessidade?