O Brasil, como todos nós sabemos, tem a primazia de realizar a abertura do encontro de líderes mundiais como o que ocorre nesta semana. Temos conhecimento, em alguns preciosos documentos aos quais pudemos ter acesso, das célebres manifestações do nosso “Águia de Haia”, Rui Barbosa.
Este brasileiro foi notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1897), ocupando a cadeira n.º 10, e seu presidente entre 1908 e 1919. Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (Holanda, 1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Por sua atuação nessa conferência, recebeu do Barão do Rio Branco o epíteto de “O Águia de Haia”.
Na Conferência, foi discutida a criação de uma corte de justiça internacional permanente, da qual participariam apenas as grandes potências - Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, com a proposta de criar um Tribunal de Arbitramento. Ruy Barbosa não se intimidou, enfrentando os defensores daquela proposta e argumentou em seu discurso, que selecionar para aquele Tribunal, países com maior poderio militar, iria estimular uma corrida armamentista, e o curso político mundial seria direcionado para a guerra, o que contrariaria os objetivos daquela Conferência de Paz. Além disso, Ruy defendeu a tese de que, ante a ordem jurídica internacional, todas as nações são iguais e soberanas. A imprensa internacional destacou a brilhante atuação do jurista, “homem franzino, de pouco mais de um metro e meio de altura”, cuja brilhante participação na Conferência “fomentou a imaginação popular no Brasil, onde foi transformado em uma espécie de herói imbatível”
Torna-se, com base na participação de brasileiros nas reuniões anuais mundiais, muito difícil interpretar os líderes brasileiros que tiveram a horna e a responsabilidade de realizar o discurso de abertura que envolve a todos os países de nosso planeta. Talvez, quem sabe, tenhamos que aprender com a sorrateira ave que ceifa outras vidas no sertão dificuldades em que vivemos no planeta. Ou não?