Quando a amorosidade está presente e convivemos com crianças em tenra idade aprendemos muito sobre os significados que tentamos dar à vida.
Certa feita, num início de tarde, chego à escola Pirilampo para minhas aulas com todas as turmas da escola, uma pré-escola totalmente distinta das que já havia conhecido. Lá, no espaço de convivência construtiva tivemos oportunidades para interagir com crianças, todas elas, com menos de seis anos de idade, entre elas algumas que me trouxeram experiências fantásticas.
Vou contar, hoje, sobre “Fernando e o avião”, um loirinho fantástico, ágil, brincalhão e conversador. Certa tarde, quando solicitei ao final de nosso encontro que todos se deitassem e fechassem os olhos por alguns instantes, tínhamos em mente reduzir a intensidade que a alegria produziu pelos 30 minutos que nos encontrávamos e devolver a turma para a professora com um pretenso desejo de que fosse possível, acalmá-los. Fernando, ao abrir os olhos, ainda deitado, levanta rapidamente, corre em minha direção e, desesperadamente, me pede que diga ao seu pai para nunca, mas nunca mesmo, viajar de avião. Disse-lhe que o faria, mas, perguntei a razão deste pedido. Eis que Fernando me diz: “olha lá no céu o tamanho que fica o avião, nós não vamos caber nele” (um avião passava naquele momento muito alto no céu).
Algum tempo depois, quando chego à escola, Fernando ao me ver corre em minha direção de diz: “professor, corre e pega um martelo, mas tem que ser muito rápido”, me puxando pela mão me fez entrar na casa e buscar algo que se parecesse com um martelo. Felizmente, eu conhecia o armário do funcionário que prestava serviços de manutenção e o apanhei. Voltamos, correndo, para o pátio onde existia um pequeno lago artificial onde se encontravam alguns peixinhos, mas, estava vazio pois apresentou vazamentos. Fernando diz: “corre quebra o fundo para salvar os peixinhos”. Pedi que tivesse calma e disse, “os peixinhos estão a salvo, venha ver”. O funcionário que iria consertar o piso retirou-os, colocou-os temporariamente em outro local até que pudesse retornar para o laguinho. Fernando, ao ver os peixinhos ficou muito feliz e me disse: “que bom que estão salvos, pensei que iriam morrer sem respirar”.
Foi nessa escola, simbolizando a luminosidade da mente infantil, repleta de liberdade para aprender sem medo, que pude aprender, e muito, sobre a Educação Infantil. Gratidão eterna a todos e todas da escola Pirilampo, especialmente à sua diretora Ignês De Nardi.