Pelo menos quatro mortes já foram confirmadas em São Paulo em decorrência da enfermidade, que é transmitida por carrapatos
Os principais hospedeiros dos carrapatos são as capivaras – como as que habitam a represa do Parque da Cultura – e cavalos (Foto: Redes sociais)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Com pelo menos quatro mortes já confirmadas, dentre elas a de uma adolescente de apenas 16 anos, o Estado de São Paulo entrou em estado de alerta para um possível surto de febre maculosa. A doença é transmitida por carrapatos, que têm como principais hospedeiros as capivaras – como as que habitam a represa do Parque da Cultura – e cavalos, de forma que o problema pode estar mais próximo do que se imagina.
Até o momento, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, não houve nenhum registro positivo da enfermidade em Votuporanga, mas no Estado 12 pessoas já foram infectadas. Para falar sobre a enfermidade, que é considerada grave e de alta letalidade, o A Cidade falou com a médica infectologista da Santa Casa de Votuporanga, dra. Regina Silvia Chaves de Lima, que reforçou a importância do diagnóstico precoce
“O diagnóstico é realizado por exame sorológico específico, sendo o tratamento com antibióticos sob prescrição médica. Importante reforçar que a febre maculosa é uma doença de notificação compulsória, para que, através destas informações, as medidas de controle e prevenção possam ser desencadeadas em tempo oportuno, para diminuir a morbi-letalidade. Assim o diagnóstico precoce se faz importante através de orientações sobre a doença, com atenção ao período de incubação de cerca de 15 dias após a exposição a picada do carrapato”, disse a profissional da saúde.
Os principais sintomas são febre alta, dor no corpo, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. Ainda segundo a médica, a doença é transmitida pela picada do carrapato, principalmente neste período de junho a novembro, em que corresponde a reprodução do carrapato estrela. Ela afirmou que a capivara e o cavalo são os principais hospedeiros deste carrapato e que esta exposição ocorre em pessoas com atividades rurais, passeios como arborismo e pescarias
“A doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettssi, apresenta letalidade alta, com evolução para infecção generalizada, hemorragias, comprometimentos hepático, respiratório, renal e neurológico, que podem levar ao óbito. Casos graves podem apresentar sequelas neurológicas e vasculares com amputações, principalmente de extremidades como mãos e pés. No estado de São Paulo as áreas de ocorrência estão nas regiões de Campinas, Piracicaba, Marília, Assis, Ribeirão Preto, Presidente Prudente e São José do Rio Preto”, completou.
As orientações de prevenção, ainda conforme a infectologista, estão na atenção ao início dos sintomas para um diagnóstico precoce, o uso de blusas e calças claras e longas, para proteção em áreas de exposição e observação da picada do carrapato.
A festa da morte
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
As primeiras mortes confirmadas pelo Instituto Adolfo Lutz para febre maculosa foram da dentista Mariana Giordano, de 36 anos, do piloto de automobilismo Douglas Costa, de 42 anos, namorado de Mariana, e de uma mulher de 28 anos, de Hortolândia. Os três morreram no dia 8 de junho. Ontem a secretaria de Saúde de Campinas confirmou a morte da adolescente de 16 anos que estava internada na cidade.
De acordo com a Prefeitura de Campinas, as quatro pessoas estiveram na "Feijoada do Rosa", uma tradicional celebração em Campinas e teve, em 2023, sua 22ª edição. O evento reuniu, no dia 27 de maio, 3,5 mil presentes na Fazenda Santa Margarida.
O local, que fica em uma região de proteção ambiental, é conhecido por sediar grandes shows "sunset" (pôr-do-sol) de diferentes gêneros musicais, com histórico de atrações como as duplas sertanejas Jorge e Mateus, Zé Neto e Cristiano e Henrique e Juliano, além de Daniel, Alexandre Pires, Ivete Sangalo e Seu Jorge, além. Lá já aconteceram também cerimônias de casamento.
Suspeitos
Outros dois casos suspeitos, de pacientes internadas, são investigados. Uma das pacientes com suspeita da doença é uma mulher de 38 anos, de Campinas, que esteve em evento no local no dia 3 de junho e apresentou início de sintomas no dia 10. A outra paciente é uma mulher, de 40 anos, moradora de Hortolândia, que apresentou sintomas no dia 10 e segue internada em um hospital privado de Campinas, aguardando resultado do exame laboratorial.
Segundo a Prefeitura de Campinas, além destas ocorrências, há outros dois casos confirmados na cidade este ano. As duas pessoas morreram e os casos não estão relacionados ao surto da Fazenda Santa Margarida.