Um passeio ao tempo para quando aqui o que girava era o cruzeiro, de quando ainda tinha trem com passageiros e a cidade tinha, apenas, 36 ruas
A Votuporanga dos anos 50, um retrato do início do progresso da cidade das Brisas Suaves (Foto: Arquivo)
Fernanda Cipriano
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
Ainda quando Votuporanga engatinhava, na década de 50, tinha apenas 36 ruas, o dinheiro por aqui ainda era o cruzeiro, o trem com passageiros era comum e a cidade era palco de desenvolvimento e crescimento em diferentes setores. A economia estava em ascensão e o orçamento municipal para 1949 foi estimado em Cr$ 2.500.000,00.
Os dados são de um levantamento realizado pelo portal jurídico Migalhas, que revelou ainda que o município ganhava destaque na região, atraindo empreendedores e investidores. Mas ainda prevaleciam as famílias que residiam em propriedades agrícolas, que eram cerca de 600, que plantavam arroz, feijão, milho, amendoim, cana-de-açúcar e algodão em caroço.
Comércio
Números sobre a indústria, comércio e serviços revelam um panorama promissor para essa época. O comércio tinha começado a prosperar, com 475 firmas taxadas no Imposto de Indústrias e Profissões. Secos e molhados, cereais, louças, ferragens e materiais para construção estavam entre os ramos que se destacavam. Grandes empresas como Dias Martins S/A, Benfatt & Sobrinhos, além de agências Chevrolet e bancos, consolidavam-se como referências no mercado local.
Naquele tempo eram consideradas grandes firmas, no setor de secos e molhados: Dias Martins S/A, Mercantil e Indústria, Dias, Sé & Cia., J. Alves Veríssimo & Cia., Benfatt & Sobrinhos, Matão Miura & Irmãos, Manuel Marques, entre outros.
Na área de posto de gasolina, peças e acessórios para autos eram conhecidos as sociedades: Hilário Sestini & Cia. Ltda., Irmãos Braga, Irmãos Marão, J.A. Bilaya, Joaquim Ferreira da Costa.
Já na parte de materiais para construção eram destaque: José Escudeiro, Américo Leva, Joaquim Ferreira Júnior. Agências Chevrolet: Romeu Grisi & Cia. Ltda.
Indústria
Na parte industrial, Votuporanga abrigava um total de 155 indústrias, que empregavam aproximadamente 570 operários. Entre as grandes empresas, destacavam-se fábricas de bebidas, sabão, algodão e máquinas de beneficiar arroz e café. Esses empreendimentos contribuíam significativamente para o crescimento econômico e a geração de empregos na cidade.
Pelas usinas de algodão, eram conhecidas em ramo nacional a: S/A Indústrias Reunidas F. Matarazzo, Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, Anderson Clayton & Cia. Ltda., Cia. Prado Chaves Exportadora. Máquinas de Beneficiar Arroz: Daniel Martins Gil, Ernesto Lopes, Fortunato Targino Granja, Irmãos Pedrazzoli, entre outros.
Educação e saúde
A educação e saúde também recebiam atenção especial. Votuporanga contava com escolas primárias e secundárias, além de cursos de alfabetização para adultos. O município possuía ainda hospitais e serviços de saúde, como o Centro de Saúde Estadual e o Posto de Puericultura, que atendiam às necessidades da população. A Santa Casa de Votuporanga ainda engatinhava nessa época e se tornou realidade em 1950.
Também compunham os médicos renomados de Votuporanga os Drs. Martiniano Salgado, Orlando Van Erven Filho, Miguel Gerosa, José Vieira e Francisco de Oliveira Guena. Já os dentistas célebres da década de 50 foram os Drs. Alcebíades Rueda, Luís Miceli, Alcino de Paula Borges, Amador Eugênio Dias, Deocleciano Ferreira de Sousa.
Para o atendimento das famílias votuporanguenses, existiam as farmácias Central, Nossa Senhora da Aparecida, Popular, Campos, Galo, Santa Isabel e Cruzeiro, e também as drogarias Nossa Senhora da Aparecida e Campos.
Transporte
O transporte era outra vertente para o desenvolvimento da cidade. Estradas de ferro, com a presença da Araraquarense, conectavam Votuporanga a outras localidades, enquanto as estradas de rodagem permitiam o acesso a diferentes regiões.
Vida cultural
A vida cultural era contemplada com opções de lazer, como teatros, cinemas, conjuntos orquestrais e grupos de amadores teatrais. Existia a época o Cine Teatro Paramonut, com capacidade para 600 pessoas. O esporte também marcava presença, com clubes de futebol como América Futebol Club e Votuporanga Futebol Club.
Já na parte de imprensa existia apenas o jornal “Oeste Paulista”, fundado em 1945, pelo diretor-responsável: Deocleciano de Sousa Viana Filho.