Cada cidade tem a sua particularidade e Votuporanga não ficaria de fora; o A Cidade elegeu cinco situações que todo morador nato conhece
Me dá um real que… (Foto: A Cidade)
Fernanda Cipriano
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
De gastronomia até piadas, o votuporanguense pode considerar que tem praticamente um “linguajar” próprio. Cada cidade tem a sua particularidade e seu cotidiano. Em Votuporanga não seria diferente e o jeitinho de viver por aqui chama a atenção de quem vem de fora, mas os moradores garantem que são esses pequenos detalhes que fazem da cidade um lugar único.
Por isso, que o
A Cidade elegeu cinco situações que todo morador nato conhece e se você é de fora e conhece já pode se considerar um cidadão votuporanguense.
1. Quinta? É feira!
Todo votuporanguense de coração sabe: a quinta-feira é um dia sagrado na agenda daquele que não quer perder um bom pastel com caldo cana ou então aquele suco feito na hora. A pamonha, o cural e o milho cozido da sua barraca preferida têm o seu valor na vida dos moradores daqui. Além disso, aquele yakissoba, os churros ou então a simples busca por uma verdura fresca também estão inclusos na agenda.
A feira semanal é tradicional e acontece na praça São Bento, bem no centro de Votuporanga. O local se tornou um ponto de encontro e é a feira mais badalada, com um público diverso, desde crianças a idosos, que sempre procuram a feira para sair do estresse da rotina.
Uma curiosidade que chama atenção é o fato de que adolescentes de forma costumeira marcam semanalmente de se encontrarem e darem aquela famosa “volta na feira”, como eles mesmo dizem. Isso é, praticamente, um evento que passa por gerações, pois desde os anos 90, os jovens já tinham a praxe de ir à feira para encontrar os amigos da escola, conversar ou dar aquela famosa “paquerada”. Tanto é que quem visitar o local na quinta-feira vai encontrar a molecada andando em grupos pela praça e pelas principais ruas da cidade.
2. Me dá um real que…
Quem sabe completar essa frase, claramente é morador de Votuporanga. O bordão “me dá um real que eu te dou um Halls” é caracterizado quase como um patrimônio imaterial do município, afinal quem nunca passou pela rua Amazonas, normalmente, no alto do banco Bradesco, e encontrou Ana Reis dos Santos falando isso como marketing para a venda de suas balas?!
Ana tem 60 anos é deficiente física e vendedora ambulante, muito conhecida na cidade por conta de seus versinhos no momento de vender doces e balas nas principais ruas da cidade. Ela está há 20 anos realizando esse tipo de comércio e foi de onde ela se tornou conhecida. A idosa angaria fundos para complementar sua renda e conquista o que para Ana é o maior dos presentes: a amizade.
“O companheirismo de todos é um dos maiores legados. O fato de eu estar podendo falar com muita gente em um momento só. O dinheiro é pouco, mas a gente vai levando a vida como pode”, disse ela em entrevista ao A Cidade.
Na época, ela explica que era possível fazer o slogan e falar “me dá um real que eu te dou um Halls”, mas hoje com o aumento do valor ela tenta improvisar algo novo para que sua marca registrada continue na boca do povo.
“Eu criei o merchandising, mas no momento essa frase já não é falada mais, porque agora já está em 2 reais, eu não tenho como falar mais. Porém faço minhas rimas e musiquinhas, e a gente vai conseguindo vencer”, completou ela.
3. E o nosso shopping?
Rir do próprio azar é o que o votuporanguense sabe fazer de melhor. O shopping é uma prova disso e as piadas que cercam a obra parada, que iniciou em 2013, são um clássico e estão nas conversas populares. Isso porque o imóvel que era para ser o maior centro de compras da região, com o nome de North Shopping de Votuporanga, às margens da avenida Nasser Marão, onde, anteriormente, era o recinto de exposições agropecuárias da cidade, se tornou um mausoléu abandonado e com dezenas de embates judiciais.
Em agosto do ano passado, a 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo publicou o acórdão de um longo e milionário embate judicial que envolvia o esqueleto do prédio onde será levantado o shopping. A decisão determina a imissão da posse do imóvel para a nova proprietária, a Vale Fundo de Investimento que, foi noticiada com exclusividade para o A Cidade, e trabalhava para transformar o projeto em realidade. Porém, de lá para nada mudou.
A Vale faz parte do grupo CVPAR Business Capital que, além da área de crédito e recebíveis, também possui forte atuação no ramo imobiliário por meio da CV Real Estate, com investimentos diretos na aquisição de imóveis ou por meio de serviços de estruturação de financiamentos imobiliários. Ela venceu na Justiça a SGPar, grupo empresarial que lançou o empreendimento e construiu o que se vê no local até hoje. As duas empresas disputavam, desde 2020. A população segue acompanhando essas idas e vindas da novela do shopping votuporanguense.
4. Papai Noel da A Joia
Quase um evento canônico, toda criança votuporanguense, pelo menos uma vez na vida, foi levada na rua Amazonas durante o Natal para ver o show do Papai Noel da A Joia. Todos os anos a proprietária da marca, Elza Mara Pignatari Pinzan, se organiza e vai atrás de tudo que tem de mais atualizado no mercado natalino para as decorações que enfeitam a loja durante o período e encantam as crianças e adultos com seus shows programados.
A loja tem 70 anos de existência e nem precisa falar de sua força e tradição, que já é conhecida por todos os moradores de Votuporanga e região. Já são 25 anos, que Elza estuda as tendências, o que há de novo no mercado da música e do estilo, realiza o projeto, escolhe o tema, que é diferente em todos os anos, para então colocar em prática tudo aquilo que foi pensado durante o ano. Existe uma equipe que trabalha no espetáculo cheio de luzes e cores, que todo votuporanguense já foi conferir de perto pelo menos uma vez na vida.
5. Pamonha da Vovó
“Chegou, chegou… A pamonha da vovó”, também é um slogan que todo votuporanguense - de verdade - já cantou pelo menos uma vez na vida. A pamonha da vovó está presente no cotidiano de todo morador do município, isso porque os proprietários da marca passam pelas ruas de Votuporanga em um carro com alto falante e com a música a todo vapor para realizar as vendas. De tão clássico, pessoas de várias idades conhecem e bastou a música tocar para saber que a tarde será mais saborosa com a pamonha mais famosa da cidade.
O bordão foi uma alternativa que o casal votuporanguense, Maria Marioti dos Santos e Benedito Ribeiro dos Santos, encontrou para alavancar as vendas do seu negócio. Juntos eles vendem as pamonhas há mais de 30 anos, o que antes tinha começado com a necessidade deu tão certo que virou uma tradição das ruas de Votuporanga e foi onde a família realizou suas conquistas pessoais.
Nos dias de hoje, o casal continua a todo vapor nas vendas e é só escutar o pequeno jingle para você ir até a rua e garantir a pamonha da semana.