Mais da metade das empresas no Brasil não possuem mulheres em cargos de liderança, colocando o país na 3º posição entre os que menos promovem funcionárias para posições mais altas. Os dados são da pesquisa “Women in Business 2015”, da Grant Thornton.
De acordo com o estudo, 57% das companhias brasileiras não têm mulheres em cargos de liderança. O país fica atrás apenas do Japão, com 66%, e da Alemanha, com 59%. A média mundial é de 32%.
O país com mais mulheres em posição de líderes entre os pesquisados é a Rússia. Apenas 11% das empresas no país não têm nenhuma mulher em cargo alto.
No Brasil, a presença de mulheres em cargos de liderança vem caindo ao longo dos anos. Em 2012, 26% das empresas não tinham funcionárias em funções de comando. Em 2013, a proporção aumentou para 33% e em 2014, para 47%. Entre as 150 companhias brasileiras que participaram da pesquisa, nenhuma possui mulheres na presidência ou vice-presidência.
Os conselhos de administração têm em média cinco integrantes, sendo que uma vaga é ocupada pelo sexo feminino, na maioria dos casos.
O crescimento da fatia de empresas que não contraram mulheres como líderes acompanha a tendência na América Latina, segundo o estudo. A região registra queda na porcentagem de mulheres líderes, de 28% em 2009 para 18% hoje. Na contramão, o volume de empresas sem nenhuma mulher em cargos estratégicos cresce: de 34% para 53%, no mesmo período.
Cotas para mulheres e motivos de dificuldade
A pesquisa mostra que 61% das empresas brasileiras apoiariam cotas para aumentar o número de mulheres em companhias de capital aberto. Esta iniciativa é comum em alguns países europeus, como Noruega, Espanha e Alemanha.
Para Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton Brasil, um dos principais problemas para as mulheres no país é a falta de fatores possibillitem equilibrar vida familiar e carreira. “Poucas empresas têm creches, oferecem a oportunidade de trabalho flexível e outros benefícios que permitiriam que a mulher não precisasse sempre escolher entre a família e o trabalho. Além disso, os grandes centros urbanos dificultam a mobilidade e a possibilidade de flexibilidade para as mulheres que buscam este equilíbrio."
Das executivas entrevistadas, 28%, em todos os países, afirmam que o cuidado com a educação dos filhos é a principal razão pela qual as mulheres têm mais dificuldades para crescer profissionalmente, quando comparadas aos homens.
A questão do preconceito contra a mulher foi apontada com mais frequência entre entrevistadas da África. Na região, 40% das participantes disseram que o simples fato de ser mulher já é um entrave. Já na América Latina, a questão de gênero é o maior problema para 19% das executivas.
A pesquisa mostra também que as mulheres, uma vez líderes, costumam se concentrar em posições de suporte ao negócio. A maioria das executivas seniores entrevistadas (27%) está no RH, enquanto que apenas 9% são de fato CEOs. “As empresas precisam se reinventar e incentivar a cultura da diversidade, pois assim, os homens líderes também se conscientizarão da necessidade de mudança”, explica Madeleine.