'Nós de Goiás consideramos que o sertanejo é a nova MPB', disse o cantor na segunda-feira, dia 22 de junho
Cristiano Araújo, 29 anos, vivia o melhor momento de sua carreira. Só neste mês de junho, o cantor sertanejo tinha 26 shows agendados entre as principais cidades com festas juninas do país, como o interior da Bahia, Pernambuco e Góias. Não à toa o seu último trabalho se chama Cristiano Araújo In The Cities (Cristiano Araújo em Cidades, em tradução literal), lançado em novembro do ano passado. Conhecido por sucessos como Efeitos e Bará Bará, o sertanejo estava em uma rotina corrida para dar conta da agenda especial de São João. Na última semana, o site de VEJA entrou em contato com o artista para entrevistá-lo sobre o sertanejo no Brasil e seu relacionamento com outros gêneros, como o forró. Apesar dos compromissos e dos deslocamentos entre as cidades em que faria os próximos shows, ele disponibilizou parte de seu tempo na segunda-feira, dia 22, dois dias antes do acidente de carro em que morreram ele e sua namorada, Allana Coelho Pinto de Moraes, de 19 anos.
Como você se interessou pelo gênero musical sertanejo?
Eu nasci em Goiânia (GO), que é considerado o grande berço da música sertaneja. Venho de uma família de músicos, meus avôs cantam, meu pai canta e isso foi minha maior influência e inspiração. Eu já nasci com a música em minhas veias, uma paixão. Quando eu tinha 6 anos ganhei meu primeiro violão, aos 9 já comecei a fazer apresentações e estou até hoje na estrada. Nós de Goiás consideramos que o sertanejo é a nova MPB.
Qual a importância do sertanejo para o Brasil?
Hoje a música sertaneja é uma referência no cenário musical brasileiro. Há muitos anos algumas pessoas falavam que gostar de sertanejo era "brega", principalmente nas grandes capitais. Foi aí que as duplas Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó popularizaram o ritmo no país e de lá pra cá fomos ganhando cada vez mais espaço, nas rádios, shows, novelas e principalmente na vida dos brasileiros.
Seu som mescla ritmos do forró e do sertanejo. Acredita que os ritmos andam juntos?
Há mais semelhanças ou diferenças entre eles? Sim, o sertanejo e o forró sempre tiveram suas semelhanças, acho que cada vez mais o Brasil se uniu musicalmente. Temos a sanfona no sertanejo que é um instrumento típico do forró, e nós sertanejos gravamos muitas músicas de forró e vice e versa.
Na Bahia, forrozeiros tradicionais estão criando um movimento para diminuir o protagonismo do sertanejo e de artistas de outros estados em festas tradicionais do São João. O que acha disso?
Não fiquei sabendo disso. Pelo contrário, sempre sou muito bem recebido no São João do Nordeste, inclusive tenho muitas apresentações nas principais festas juninas da região, por exemplo, existe o Festival Villa Mix, um evento sertanejo que sempre tem como convidados artistas do nordeste. Não gosto de rótulos, acho que música boa é boa em qualquer lugar, só tenho que agradecer o carinho do povo baiano comigo, pois só neste mês tenho cinco shows no estado.
Quantos shows você faz por mês? O seu cachê muda durante o período das Festas Juninas?
Graças a Deus tenho trabalhado bastante e tenho agendado 26 shows para este mês. O cachê não muda, são os mesmos valores para o período de eventos de São João.
Quais os principais locais em que faz show durante o período do São João?
Eu me apresento nas festas juninas de todo país, inclusive no Nordeste . Neste ano tocamos no São João da Capitá em Recife (PE), uma das festas juninas mais tradicionais do nordeste e vamos fazer ainda em Fortaleza (CE), Salvador (BA), entre outras cidades.
Como é sua relação com a internet na divulgação de sua carreira?
A Som Livre minha gravadora, disponibiliza as canções para download até mesmo porque hoje a internet se tornou um dos principais veículos de comunicação para música, além das rádios e TV. Quero chegar o mais próximo possível dos meus fãs, a internet e redes sociais ajudam muito neste sentido.