O setor de veículos teve o pior resultado no acumulado do primeiro semestre, com retração de 12,5%
O comércio teve o menor crescimento no primeiro semestre do ano desde 2002, segundo levantamento divulgado hoje (7) pela Serasa Experian. O movimento do varejo registrou expansão de 2,6% de janeiro a junho de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado. “É resultado da conjuntura econômica que começou a se deteriorar no ano passado, com aumento de inflação, de taxa de juros e, agora, mais recentemente, aumento de desemprego”, enfatizou o economista da consultoria, Luiz Rabi.
O setor de veículos teve o pior resultado no acumulado do primeiro semestre, com retração de 12,5%. Em seguida, vem o ramo de material de construção, que teve queda de 7,1% no movimento. De acordo com Rabi, o consumidor está “menos propenso a comprar veículos e materiais de construção, que são gastos de médio prazo, normalmente financiados”.
Impactados pela inflação dos alimentos, os supermercados também tiveram desempenho fraco de janeiro a junho (2% de crescimento). “Tivemos uma inflação de alimentos muito forte nesse início de ano. O que acaba atingindo o desempenho do setor”, enfatizou o economista.
Os melhores resultados foram dos setores de vestuário, com expansão de 5,8%, e móveis e eletroeletrônicos (5,2%). “No setor de vestuário, o desempenho positivo é um pouco o deslocamento de consumo. As pessoas, em vez de gastar com material de construção ou prestação de carros, estão deslocando o consumo para outros segmentos”, explicou Rabi.
Para os próximos meses, o economista acredita que o desempenho do varejo ainda está sujeito a uma ligeira piora. “Acho que não chega a ficar negativo, como foi em 2002. Naquela época estávamos no auge da crise do apagão”, disse, sobre a queda de 6,9% que o comércio registrou no primeiro semestre.
Porém, com inflação alta e desemprego aumentando, Rabi avalia que o resultado do segundo semestre será um pouco menor do que o verificado nos últimos seis meses. “O aumento do dólar e da energia, combinado com o choque dos alimentos, ainda continuam produzindo efeitos na inflação que vão demorar para se dissiparem”, ressaltou.