A intenção da Ordem é envolver professores, dirigentes, estudantes universitários e a mídia na luta contra certo tipo de recepção aos calouros de caráter vexatório
A OAB SP acaba de deflagrar mais uma edição de sua campanha contra o trote nas faculdades brasileiras. Coordenada pela Comissão Contra o Trote Universitário, presidida por Fábio Romeu Canton Filho, a ação alcançará instituições de ensino superior de todo o Brasil, sob o mote “O trote violento deixa marcas que não somem com o tempo”.
A intenção da Ordem é envolver professores, dirigentes, estudantes universitários e a mídia na luta contra certo tipo de recepção aos calouros de caráter vexatório, degradante, quando não violenta. Numa primeira etapa, cartazes serão afixados em mil faculdades de todo o Brasil.
“Há vários crimes previstos em lei que podem derivar do trote, e a Justiça deve ser acionada para coibi-los e puni-los. Nosso empenho, contudo, continua direcionado a que iniciativas de cunho educacional bastem para impedir o subjugo de calouros universitários”, registra trecho de carta enviada pela OAB SP a reitores e diretores das faculdades, assinada por Canton e pelo presidente da Ordem, Marcos da Costa.
Abaixo, a íntegra do documento.
CONTRA UMA TRADIÇÃO NEFASTA
A Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil retoma sua ação institucional contra a prática do trote nas faculdades brasileiras, nesta nova etapa com o mote “O trote violento deixa marcas que não somem com o tempo”.
O que pretende a OAB SP, em iniciativa coordenada pela Comissão Contra o Trote Universitário, é engajar estudantes, professores, dirigentes e todos os demais atores do campo educacional superior nesta luta contra o ato criminoso do trote humilhante, danoso à moral, à autoestima e, não raramente, à integridade física do calouro.
Há vários crimes previstos em lei que podem derivar do trote, e a Justiça deve ser acionada para coibi-los e puni-los. Nosso empenho, contudo, continua direcionado a que iniciativas de cunho educacional bastem para impedir o subjugo de calouros universitários. Não há plausibilidade no trote, e tal percepção restará potencializada se atentarmos para o que revelou a Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, à qual foram denunciados atos de degradação estarrecedores.
Some-se ao trabalho de fundo cultural a nova prioridade de identificar os mentores intelectuais de festas em que predomina a degradação humana e nada mais, algo muito diferente dos reais prazeres que a liberdade pode proporcionar.
A OAB SP enxerga a universidade como um ambiente afeito ao conhecimento, à qualificação técnica e à formação humanista, valores indispensáveis ao jovem que busca um futuro profissionalmente exitoso. É também na faculdade que o indivíduo, na maioria das vezes recém-saído da adolescência, busca uma saudável distensão dos laços familiares. O calouro é um iniciante na vida independente e não pode carregar um trauma como momento-chave de suas jornadas vindouras.
O trote universitário é uma tradição nefasta, e a Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil luta pelo seu fim.
Marcos da Costa – presidente da OAB SP
Fábio Romeu Canton Filho – presidente da Comissão Contra o Trote Universitário