Após aumento nos crimes violentos em 2020, país volta a ter uma diminuição dos homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte nos três primeiros meses de 2021
Em janeiro, fevereiro e março, foram registradas 10.663 mortes violentas, contra 12.007 no primeiro trimestre de 2020 (Imagem: Reprodução/G1)
O Brasil teve uma queda de 11% nos assassinatos nos três primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
Em janeiro, fevereiro e março, foram registradas 10.663 mortes violentas, contra 12.007 no primeiro trimestre de 2020. Ou seja, 1.344 a menos. Estão contabilizadas no número as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.
A queda acontece após um 2020 violento, mesmo com a pandemia do novo coronavírus. No ano passado, o país teve uma alta nos assassinatos após dois anos consecutivos de queda.
Agora, apenas cinco estados contabilizam uma alta: três no Nordeste (Maranhão, Paraíba e Piauí) e dois no Norte (Pará e Roraima).
Os dados apontam que:
- Houve 10.663 assassinatos no 1º trimestre, 1.344 mortes a menos que no mesmo período de 2020;
- Apenas cinco estados registraram uma alta nas mortes;
- Roraima teve o maior aumento nos crimes: 19%;
- Distrito Federal registrou a maior queda: -37%.
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O que dizem os especialistas
Para Bruno Paes Manso, do NEV-USP, as variações circunstanciais levantadas pelo Monitor da Violência servem mais para levantar perguntas do que para indicar respostas.
“Será que a tendência de queda vai permanecer ou vai ficar restrita ao primeiro trimestre? Não custa lembrar que esse trimestre está sendo comparado com dois meses do ano passado que não registraram epidemia. Em compensação, no ano passado, apesar da pandemia, os homicídios cresceram. Os governos estaduais tiveram algum tipo de iniciativa importante? Por que, apesar do aumento de armas em circulação, essa redução foi identificada?”
Segundo ele, três meses é pouco tempo para identificar uma tendência. “Caso a curva permaneça em queda, será uma boa notícia que ainda exigirá debate e reflexão para identificarmos as causas.”
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que a redução dos assassinatos no 1º trimestre de 2021 é notícia a ser comemorada, mas ressalva que ainda é cedo para avaliar se há, de fato, uma tendência.
“Os homicídios vinham crescendo até janeiro deste ano e fevereiro do ano passado foi marcado por um enorme volume de homicídios em decorrência da greve da PM no Ceará. Temos que acompanhar estes números de perto para compreender quais os determinantes para a redução das mortes violentas nos últimos dois meses, bem como compreender o impacto da pandemia nas dinâmicas criminais.”
Índice nacional de homicídios
A ferramenta criada pelo G1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.
Jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O governo federal anunciou a criação de um sistema similar ainda na gestão do ex-ministro Sergio Moro. Mas os dados não estão tão atualizados quanto os da ferramenta do G1.
Os dados coletados mês a mês pelo G1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque há uma dificuldade maior em obter esses dados em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais. O balanço fechado do ano de 2020 foi publicado no mês passado. Os números deste ano serão divulgados posteriormente.
*Com informações do G1