No caso, que ocorreu na década de 1980, um acusado de homicídio alegou que estava possuído por um demônio no momento do crime
O caso é estudado em faculdades de direito dos EUA até hoje (Foto: Reprodução/Warner Bros)
O filme “Invocação do mal 3: A ordem do demônio” estreou no Brasil em junho e está em exibição no Novo Cine Votuporanga, na sessão das 16h30.
O longa conta a história de Arne Johnson, um rapaz americano que, em 1981, matou o proprietário do apartamento onde vivia e, quando levado ao tribunal, alegou que, no momento do crime, estava possuído por um demônio.
O caso
Segundo o próprio Arne Cheyenne Johnson explicou em entrevistas, ele era um cético em questões sobrenaturais até 1981. Naquele ano, seu cunhado de 12 anos, David Glatzel, começou a apresentar comportamentos estranhos. A família convocou os médiuns Ed e Lorraine Warren para auxiliá-los. O diagnóstico foi rápido: David estava possuído e precisava de um exorcismo imediatamente.
Ed se encarregou do ritual. De acordo com o casal Warren e com membros da família Glatzel, em dado momento Arne Johnson pediu que o espírito deixasse o menino em paz e entrasse.
Meses depois da sessão com os médiuns, quando David já se dizia bem, Arne Johnson matou Alan Bono, proprietário do apartamento onde morava junto com a namorada, Debbie, no estado de Connecticut.
Bono foi morto com cinco facadas e Johnson foi preso em flagrante a poucos quilômetros dali. Quando interrogado, afirmou que estava possuído por um demônio no momento do crime. O caso ficou conhecido como “O diabo me obrigou”.
O juiz não aceitou o argumento da possessão, afirmando que ela não poderia ser sustentada por evidências materiais. Ou seja, como a existência do sobrenatural não foi comprovada cientificamente e depende unicamente da fé individual, o argumento não seria aceito.
O júri popular – que originalmente estava inclinado a aceitar a ideia da possessão, mas foi impedido pelo juiz – decidiu a favor de Johnson, que evitou a pena de morte e foi condenado a 20 anos de prisão por homicídio culposo. Ele acabou cumprindo apenas um quarto da pena, por bom comportamento.
Mesmo quatro décadas depois do julgamento de Johnson, o caso segue sendo estudado em faculdades de direito dos Estados Unidos, servindo como um ponto de partida para discussões sobre a laicidade do sistema Judiciário do país e sobre como afirmações grandiosas e abstratas – que não podem ser provadas – podem impactar julgamentos.
*Com informações do jornal Nexo