Atualmente, a atriz interpreta Bete Gouveia na novela “Passione” e tem tanta força e vitalidade que rouba a cena
Recentemente ela declarou que “Passione” seria a sua última novela. Não, Fernanda Montenegro não pretende renunciar à carreira artística, ao contrário, vai dedicar-se de corpo e alma aos palcos, onde iniciou sua carreira em 1950, ao lado de Fernando Torres, o qual seria o seu companheiro por mais de 55 anos.
Atualmente, Fernanda Montenegro pode ser vista praticamente todas as noites, vivendo a Bete Gouveia, na novela de Sílvio de Abreu.
Desde que “Passione” estreou a atriz tem se superado na interpretação de uma matriarca, mulher rica e poderosa, mas que tem um passado pobre, sofrido e com alguns segredos que parecem terem sido todos revelados, a não ser que o autor ainda reserve mais alguma surpresa para os fãs da personagem.
Nos episódios da próxima semana, a Família Gouveia coloca as ações da metalúrgica à venda e Fred (Reynaldo Gianecchini) através de um investidor, comparsa seu, compra todas as ações. Desse modo, Bete não será mais a acionista majoritária e seu patrimônio passará para as mãos de um empresário anônimo, por enquanto. A situação deixa Bete abatida, mas ela diante da família assume a sua costumeira determinação, pois sabe que terá outros desafios pela frente. Um dos maiores será visitar o neto Danilo (Cauã Reymond) que fora encontrado por Gerson (Marcello Antony) e internado numa clínica. Danilo encontra-se em um estado deplorável e afirma para a Bete que matou Saulo (Werner Schünemann). A matriarca dos Gouveia não resiste e precisa ser amparada. Dias depois, ela enfrenta uma reunião com o representante do novo acionista de sua empresa que se recusa a dizer o nome de quem comprou as ações, impondo regras e exigências absurdas. A nova situação da metalúrgica deixa Melina (Mayana Moura) enfurecida e ela briga com Bete, culpando-as por todos os infortúnios da família. Haja fôlego para aguentar tantos problemas.
Gravar cenas tão fortes e marcantes muitas vezes não é fácil para o ator, exigindo-lhe muito talento e determinação. Isto não parece ser problema para Fernanda Montenegro. Quem assiste à novela, sabe que isso é verdade. Dá gosto acompanhar a performance da atriz.
Fernanda Montenegro nasceu em 1929, na cidade do Rio de Janeiro, numa casa de portugueses e italianos e foi batizada com o nome de Arlette Pinheiro Esteves da Silva.
Ela enveredou-se no meio artístico aos 15 anos de idade quando participou de um concurso da Rádio MEC que selecionou redatores, locutores e atores de rádio.
A estreia no teatro foi em 1950, na peça “3.200 Metros de Altitude”, ao lado de Fernando Torres.
A história desta “grande dama do teatro” é extensa e digna de nota. Ela foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro e ficou na emissora entre 1951 e 1953, participando de cerca de 80 peças.
No ano de 1952 ganhou o prêmio de Melhor Atriz Revelação da Associação Brasileira dos Críticos Teatrais por seu trabalho em dois espetáculos. Nesta mesma época fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia.
Ao lado do marido, Fernando Torres, montou a Companhia dos Sete congregando na época os atores Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Giani Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto. Desde então, recebeu vários outros prêmios por seu trabalho. No ano de 1970 afastou-se da televisão durante nove anos. A sua volta deu-se em 1979 quando participou de “Cara a Cara”, novela de Vicente Sesso exibida pela TV Bandeirantes.
A sua estreia na Globo foi em 1981 em “Baila Comigo” interpretando Sílvia Toledo Fernandes e logo depois apareceu em “Brilhante” na pele da milionária Chica Newman.
Inesquecíveis mesmo são suas cenas ao lado do saudoso Paulo Autran em “Guerra dos Sexos”, também de Sílvio de Abreu, na qual eles viveram os primos Charlô e Otávio. No ano de 1986, em “Cambalacho”, novamente numa história de Abreu, ela protagonizou situações hilárias na pele de Naná, ao lado de Gegê, personagem do também grandioso Gianfrancesco Guarnieri.
Os personagens marcantes são inúmeros. Tem a Vó Manuela, de “Riacho Doce”; Salomé, em “A Rainha da Sucata”; Olga Portella, em “O Dono do Mundo”; Jacutinga, na primeira fase de “Renascer”; Madalena Moraes, em “O Mapa da Mina”; Quitéria Campolargo, no memorável “Incidente em Antares”; Zazá, personagem título da novela; Nossa Senhora, no “O Auto da Compadecida”; Lulu de Luxemburgo, em “As Filhas da Mãe”; a italiana Luiza, em “Esperança”; a Madrasta e Dona Cabeça, em “Hoje É Dia de Maria”; a ardilosa Bia Falcão, em “Belíssima”; Iraci, em “Queridos Amigos”.
O reconhecimento também veio através do convite feito pelo então Presidente José Sarney que gostaria de ter Fernanda Montenegro como Ministra da Cultura, mas atriz recusou. No ano de 1999 foi condecorada com a maior comenda – a Ordem Nacional do Mérito Gran Cruz.
A atriz tem seu nome ligado ao cinema brasileiro e em 2004 recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova Iorque. Entre suas atuações no cinema nacional, destacam-se “A Falecida” (1964) e “Eles Não Usam Black-Tie” (1980), ambos de Leon Hirszman; “Olga”, de Jayme Monjardim, no qual interpretou Leocádia Prestes, mãe do líder comunista Luís Carlos Prestes; ”Redentor” (2004), dirigido por seu filho, Cláudio Torres; “Casa de Areia” (2005), filme dirigido pelo genro Andrucha Waddington,e “O Amor nos Tempos do Cólera” (Love in The Time of Cholera), de Mike Newell, lançado em 2007, no qual fez a personagem Tránsito Ariza, mãe do personagem do ator espanhol Javier Bardem.
E vale lembrar ainda o “Central do Brasil”, de Walter Salles que foi indicado ao Oscar por sua atuação. A atriz ganhou o prêmio Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim por este trabalho.
Fernanda Montenegro casou-se com o também ator Fernando Torres em 1953 e eles tiveram dois filhos, a atriz Fernanda Torres e o cineasta Cláudio Torres. O marido da atriz morreu em 2008.
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