O que é mais perigoso para a mulher grávida: conviver nove meses com a depressão – e ficar suscetível a todas as sequelas, como danos cardíacos e isolamento social – ou tomar um medicamento de tarja preta que controla o transtorno de humor mas pode comprometer a saúde do feto?
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Os especialistas já sabem que precisam encontrar uma resposta para esta pergunta, mas ainda não há um consenso universal sobre o uso de drogas controladas durante a gravidez.
Um novo relatório feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de ser divulgado com o objetivo de abastecer os médicos, gestantes e farmacêuticos com informações sobre este tema.
Durante 2010, foram monitoradas pelos técnicos da Anvisa todas as substâncias medicinais vendidas em farmácias e drogarias do Brasil e que precisam de receita para legitimar a venda. No total, foram comercializados 143 tipos diferentes de remédios controlados e, segundo relatório da Agência, 69,7% deles ameaçam, de alguma forma, a gestação, seja por risco de má formação fetal ou aceleração do parto.
"Decidimos focar o nosso primeiro boletim sobre os produtos farmacêuticos de uso controlado na gestação porque esta é uma área carente de informações”, explica Marcia Gonçalves de Oliveira, coordenadora do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da Anvisa.
“O problema é que não se faz pesquisas, no Brasil e no mundo, com mulheres sadias e gestantes para atestar qual é a segurança dos medicamentos, até por uma questão de ética”, completa Márcia.
“A maioria das referências que temos, e que definem se um medicamento é arriscado ou não para a gestação, é de relatos espontâneos dos médicos e das gestantes que acabam sofrendo algum efeito colateral por conta da medicação. Resolvemos fazer este boletim com a classificação de risco para ajudar os médicos, os farmacêuticos e também alertar as usuárias.”
Risco ou benefício?
Um dos principais problemas da falta de informação científica sobre os reais perigos dos medicamentos controlados usados na gravidez é que as mulheres já portadoras de algum transtorno psíquico – como bipolaridade, esquizofrenia ou psicose – ficam sem muitas opções terapêuticas quando engravidam