As inúmeras razões que levam os jovens ao consumo de bebidas alcoólicas, como a tentativa de inclusão social em um grupo de amigos, o convívio familiar que estimula a ingestão dessas substâncias, ou mesmo porque apreciam, têm preocupado autoridades e especialistas, visto que também não é novidade que este hábito altera o comportamento do adolescente, independente das características de sua personalidade. Somado a esses fatos, a incidência de meninos e meninas que, sob o efeito do álcool, praticam relações sexuais sem o uso do preservativo cresce a cada dia, segundo o psiquiatra e conselheiro da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Dr. Carlos Salgado.
Essa conduta, no entanto, não é exclusividade das classes menos favorecidas e do sexo masculino, como ocorria anteriormente. É notável o crescimento de garotas com tendências alcoólatras, que chegam a ignorar os alertas dos riscos do consumo de álcool e do sexo sem proteção. “A jovem tem bebido tanto ou mais do que os jovens e essa postura tornou-se comum, pois as meninas agem como facilitadoras da prática sexual sem proteção”, revela o especialista.
Além da possibilidade de tornar-se um potencial alcoólatra, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s) e a gravidez precoce são os efeitos mais habituais, parecendo ser essa uma tendência mundial entre os adolescentes em razão da ausência da camisinha no ato sexual. Sabe-se que esta atitude é comum entre os adultos, mas com os jovens o fator de risco é maior em razão da imaturidade no momento do ato aliada aos efeitos nocivos das substâncias.
A relação entre o uso de álcool e o sexo desprotegido é bem conhecida também pelo fato de que as substâncias etílicas desinibem e promovem uma interação maior entre os adolescentes. Para afastá-los dos males do álcool e conscientizá-los dos perigos de uma relação sexual sem preservativo, o psiquiatra destaca a importância do acompanhamento dos pais junto aos seus filhos. “Observar os hábitos do jovem é papel fundamental da família. A educação começa em casa e é importante que os pais transformem essas informações em atitudes, fazendo o filho compreender os riscos de suas atitudes impensadas”, aconselha o Dr. Carlos Salgado.
Proibido para menores
O acesso à informação também é uma poderosa aliada contra a conexão entre bebida e sexo desprotegido, e as leis agem como poderosos parceiros no combate à causa. Enfático, o psiquiatra afirma que não se pode fornecer bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e é fundamental que todos respeitem a legislação. “A fiscalização resolve boa parte dos problemas e a iniciação irresponsável no álcool seria menor se os pais agissem com mais vigor. Se o entorno da família bebe, a tendência do jovem é alta. Portanto, afaste-o deste ambiente e mantenha-o seguro”, recomenda.