O remake de “Gabriela”, tendo a atriz Juliana Paes no papel principal, promete alavancar a audiência
Apostando no sucesso que “Gabriela” fez em 1975, com Sônia Braga interpretando a baiana mais famosa de Jorge Amado, a Rede Globo estreia nesta terça, dia 19, o remake da trama, abrindo mais um horário para a teledramaturgia, às 23 horas assim como aconteceu com “O Astro”, exibida no ano passado.
Juliana Paes tirou a sorte grande e foi a escolhida para ser a protagonista da trama. “Gabriela” se passa no começo do Século XX, no interior da Bahia. Nesses tempos, moça boa era moça de família, com destino certo traçado pelo pai. E Gabriela não se enquadra na premissa. Mas é ela, alheia aos costumes da época, que provoca e põe à prova tudo quanto é sentimento humano e questionamento moral: o desejo, o amor, o preconceito, a traição, o ódio, o rancor, o perdão. Inspirada na obra de Jorge Amado, “Gabriela Gravo e Canela”, o remake está sendo escrito por Walcyr Carrasco, e tem direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça Filho.
Ilhéus, 1925. Os coronéis são os grandes mandantes do lugar. Ninguém ousa dar um passo em falso sem ter aprovação de algum deles, mais especificamente, de um deles: Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Dono de arrobas e arrobas de cacau; é o intendente da cidade, mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro. A democracia já está em vigor no Brasil, contudo, em Ilhéus, nenhuma pessoa tem coragem de dizer não ao voto para o coronel. O respeito foi conquistado à força, sem dó. Todos acatam o que ele diz , caso contrário, sabe-se que não terá futuro por ali. Ao lado dele, cuidando da moral de Ilhéus, mais coronéis compartilham de seu poder. Um deles é Melk Tavares (Chico Diaz), seu fiel escudeiro, desde o dia da batalha final pela conquista de Ilhéus, até os dias de hoje. Outros como Jesuíno (José Wilker), Amâncio (Genézio de Barros), Coriolano (Ary Fontoura), Altino (Nelson Xavier), Manuel das Onças (Mauro Mendonça), Eustáquio (Lúcio Mauro) e Ribeirinho (Harildo Deda) também compartilham, não só da violência dos mandos, como na opinião irredutível: está bom como está, não tem precisão de mudar.
Mas o tempo altera o rumo das coisas, e mesmo a mais dura rocha, um dia sofre com a erosão. Os ventos trazem transformações, e com Ilhéus não será diferente. E, se é pelo mar que as tempestades costumam chegar por lá, é um navio que aporta em Ilhéus que traz a carga mais perigosa contra o conservadorismo que impera na região: Mundinho Falcão (Mateus Solano). Jovem descendente de uma forte família política em São Paulo, empreendedor milionário, chega do Rio de Janeiro com um propósito malquisto na cidade dos coronéis: o progresso.
Ganha rapidamente o posto de maior exportador de cacau da região e, tão veloz quanto sua fama, se torna o mais gigante oponente que Ramiro Bastos já teve em vida. Um ardiloso comerciante, orador nato, bonito por natureza, dono de elegância que vem de berço. E solteiro. Até as sinhazinhas já prometidas suspiram quando ele caminha com seus passos cuidadosos. A época das grandes emboscadas está por um fio com a presença galante de Mundinho. Ramiro terá que usar de outras armas para ganhar essa batalha contra a “imoralidade” trazida por esse “um” da capital. Mas não será fácil. Mundinho é um sedutor nato.
O símbolo mais emblemático da luta entre o conservadorismo de Coronel Ramiro Bastos e o progresso de Mundinho Falcão é a promessa da grande obra no porto de Ilhéus. Lá, os navios encalham, o que faz com que a exportação do cacau esteja totalmente nas mãos dos governantes da Bahia, a capital hoje conhecida por Salvador. Mundinho quer ver a economia de Ilhéus livre, e Ramiro, como intendente da cidade, deve muito ao governo baiano, e se opõe veementemente contra mais essa “liberdade”. Mundinho então decide não negar seu sangue e entra de vez para política. Será “a” oposição ao forte coronelismo local. Um briga de foice, instigada ainda mais pelo nascer de seu amor por Jerusa (Luiza Valdetaro), a neta preciosa de Ramiro Bastos.
Enquanto trancam suas mulheres em casa, os coronéis se esbaldam no cabaré mais agitado de Ilhéus, o famoso Bataclan, regido pelas mãos de ferro - e de unhas carmim - de Maria Machadão (Ivete Sangalo). É por lá que a moda entra, que os anos 20 brilham. Muita música, muita risada e muito prazer. As mulheres-damas, como são chamadas as trabalhadoras locais, são moças lindas, vindas de todos os lugares, até do estrangeiro. E lá impera uma lei. Uma vez que uma das moças é chamada para sentar à mesa com um coronel, passa a ser “propriedade” dele. Ninguém mexe. E há o “chamego”, a moça de um só coronel ou homem abastado. Um costume da época.
É lá que Nacib (Humberto Martins) encontra Zarolha (Leona Cavalli), uma fogosa sergipana, seu afago certo, seu chamego. Mulher de gênio forte, com vontades próprias, e fiel a seu turquinho - como se refere a Nacib. Zarolha é quem vai liderar uma revolta contra as beatas da cidade. Ao saber da procissão organizada pela igreja para que as chuvas voltem a regar os campos de cacau, a sergipana começa a bordar um manto para sua santa de devoção, Maria Madalena. E quer sair nas ruas a ostentar o trabalho tão bem feito por ela e suas colegas. O que vai criar uma imensa confusão.
E o coronel que não tivesse seu chamego no Bataclan, sustentava uma “teúda e manteúda” em algum lugar. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) é conhecido por seus casos extraconjugais. Dizem que já até fez justiça com uma dessas moças que sustentava quando soube que ela tinha outro rapaz. E assim, todos têm medo de Coriolano, ninguém é capaz de olhar para moça que ele sustente.
Mas quem vai mesmo mexer com o coração de vários personagens da trama é a fogosa Gabriela. Quem já viu as cenas garantem que Juliana Paes está fazendo “a lição de casa” direitinho e não deverá deixar nada à dever a Sônia Braga sua antecessora da primeira versão da década de 70. Para ver o desempenho da atriz e também de todo o elenco, basta acompanhar os capítulos e ver se a audiência vai agradar!
Quem é Quem!?
GABRIELA (Juliana Paes) - Nasceu no sertão nordestino. Gabriela é um espírito livre. Representa a mudança dos tempos, a evolução político-social do mundo. Ao chegar a Ilhéus é contratada por Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, com quem viverá um romance. É uma exímia cozinheira. Será a mulher mais desejada da cidade.
NACIB ACHCAR SAAD (Humberto Martins) - Veio da Síria aos quatro anos de idade. É proprietário do Bar Vesúvio. Solteiro, é frequentador do Cabaré Bataclan, onde tem um chamego com Zarolha (Leona Cavalli).
CORONEL RAMIRO BASTOS (Antonio Fagundes) - Intendente de Ilhéus, maior força política da região. Fazendeiro de cacau da época do desbravamento, quando as terras eram conquistadas a tiros. É o líder conservador. Seu poder é contestado quando o jovem Mundinho Falcão (Mateus Solano) vem para a cidade.
MUNDINHO FALCÃO ou RAIMUNDO MENDES FALCÃO (Mateus Solano) - De família de políticos paulista, mudou-se para Ilhéus para criar seu próprio projeto de vida e também para esquecer um amor. É exportador de cacau. Jovem, solteiro, cheio de ideias novas, decidido e prático.
TONICO BASTOS (Marcelo Serrado) - Filho do Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), dono do cartório da cidade, é casado com Olga Bastos (Fabiana Karla), e pai de quatro crianças. Sabe levar muito bem a mulher ciumenta, que acredita que são as outras que correm atrás de seu marido tão fiel.
OLGA BASTOS (Fabiana Karla) - Mulher de Tonico (Marcelo Serrado). Filha de fazendeiros riquíssimos. É ciumentíssima, acha que são as mulheres que correm atrás do seu marido, e não o contrário.
AMANCIO LEAL (Genézio de Barros) - Fazendeiro de cacau, viúvo, mora com a mãe Dorotéia (Laura Cardoso) e os dois filhos, Juvenal (Marco Pigossi) e Berto (Rodrigo Andrade), em Ilhéus.
DOROTÉIA (Laura Cardoso) - Mãe de Coronel Amâncio (Genézio de Barros), se considera o pilar moral de Ilhéus. Tudo passa sob seu julgamento. Dominadora. Quer saber de tudo, quer "aconselhar" todo mundo.
JUVENAL (Marco Pigossi) - Chega à cidade vindo de Salvador, onde estudou. Tem ideias progressistas.
CORONEL MELK TAVARES (Chico Diaz) - Rico fazendeiro de cacau, mora em Ilhéus com a esposa Marialva (Bel Kutner) e a filha Malvina (Vanessa Giácomo). Conservador, apoia Ramiro Bastos (Antônio Fagundes).
MARIALVA TAVARES (Bel Kutner) - Mulher de Melk (Chico Diaz), é assustada e submissa. O que o marido diz para ela é lei.
MALVINA TAVARES (Vanessa Giácomo) - Filha única de Melk (Chico Diaz). Jovem, bela, inteligente, intrépida e de espírito independente. Rebelde, não aceita viver de acordo com as convenções da sociedade de Ilhéus.
MARIA MACHADÃO (Ivete Sangalo) - É a dona do Bataclan. Extrovertida, alegre, mas autoritária com as "meninas" quando necessário. Foi mulher-dama no passado. É amiga de todos os coronéis, "mãe" de todas as "meninas". Conhece os chamegos, amores, paixões, segredos dos coronéis e seus filhos.
ZAROLHA ou RISOLETA (Leona Cavalli) - É uma sergipana, chamego de Nacib (Humberto Martins) no Bataclan. Amicíssima de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Seu sonho é casar com um coronel e se tornar senhora.
SINHAZINHA MENDONÇA (Maitê Proença) - Mulher do Coronel Jesuíno (José Wilker), sofre nas mãos do marido. Vive na igreja, é amiga de todas as senhoras da sociedade.
OSMUNDO PIMENTEL (Erik Marmo) - Jovem dentista, vindo de Salvador, filho de um rico comerciante, se instalou em Ilhéus com um consultório bem montado na avenida da praia. Apaixona-se por Sinhazinha (Maitê Proença).
CORONEL JESUÍNO MENDONÇA (José Wilker) - É um homem bruto, inclusive no trato com a esposa. Rígido. Descobre a traição da esposa com o dentista e decide “fazer justiça”. Ele será o primeiro a ser questionado pela sociedade em transformação.
NÉIA (Yaçanã Martins) - Empregada da casa que descobre a traição de Sinhazinha (Maitê Poença) com Osmundo (Erik Marmo).
GLÓRIA (Suzana Pires) - Teúda e manteúda pelo Coronel Coriolano Ribeiro (Ary Fontoura), Glória é uma bela mulher. Vive na casa que foi da família do coronel, próxima às famílias da sociedade, para escândalo das mulheres locais e divertimento do pessoal do Vesúvio, que a vê, todas as tardes, na janela.
CORONEL CORIOLANO (Ary Fontoura) - Sempre mantém uma moça bonita para ficar com ele quando vem da fazenda. Antes de Glória (Suzana Pires), teve muitas outras. Desconfiado e ciumento, não aceita traição de jeito nenhum.