No ano de 1.942, morando em Poloni com toda família, o avô Augusto Duó disse que era preciso mudar com a família para uma cidade que tivesse estrada de ferro. Escolheu Votuporanga, uma cidade que apontava se desenvolveria, porque os trilhos já chegavam por aqui. “Somente poderemos mudar na seca, dada a precariedade da estrada, que era sem asfalto, e da ponte sobre o rio São José dos Dourados, que roda a cada enchente”, falou o avô Augusto Duó, na época.
Assim vieram. Os Silva Melo se estabeleceram no comércio, com alfaiataria, e os Duó com hotel, bar e na lavoura.
A infância de Jesus Silva Melo foi com uma garotada feliz, que viu a cidade crescer. Estudou no primeiro grupo escolar de Votuporanga, hoje a Escola Estadual Professora Uzenir Coelho Zeitune. O curso ginasial foi no Ginásio Estadual de Votuporanga, hoje Escola Estadual Doutor José Manoel Lobo.
Foi preciso continuar os estudos em outra cidade
Na década de 1.950, em Votuporanga não existia o segundo grau, por isso, Jesus Silva Melo, no ano de 1.955, foi morar em Campinas, onde cursou o primeiro e segundo ano do curso científico no Colégio Ateneu Paulista, concluindo-o em São Carlos, no Instituto de Educação Doutor Álvaro Guião, no ano de 1.957.
Ainda em 1.957, teve o desejo de ingressar na escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Conseguiu realizar o sonho, sendo aprovado no vestibular de Engenharia, concluído no ano de 1.962, com especialidades em edifícios e grandes estruturas e planejamento urbano.
Em 1.963 veio para Votu-poranga. “Meus colegas, conhecidos e amigos, da faculdade e do meio técnico me perguntavam por que Votuporanga. A falta de engenheiros no Brasil e no mundo era gritante. Nem dá para enumerar todas as oportunidades que apareciam para os profissionais naquela época, desde companhias estatais, como a Petrobrás, grandes companhias brasileiras e até canadenses. Mas, não sei se por excesso de ufanismo e pelo ambiente que reinava em nossa cidade, acabei ficando por aqui”.
Na época, era prefeito aqui o senhor Hernani de Mattos Nabuco, que iniciava a caminhada de Votuporanga para o futuro, com a pavimentação e praças. “Era grande o entusiasmo de todos, do qual eu participava, convivendo com todos esses momentos, tanto tecnicamente como com amor que tinha pela cidade”, contou Jesus.
O engenheiro participou da construção de importantes espaços de Votuporanga
Ainda na década de 1.960, os serviços de água e esgoto, que eram de responsabilidade da Prefeitura, tinha Jesus como diretor de Obras, tomando conhecimento dos trabalhos de dedicados engenheiros do Estado de São Paulo, tomou providências para que estes conhecimentos fosse aplicados aqui, e, gradualmente, iniciou um processo de incremento da oferta de água na cidade.
Na administração seguinte, do senhor Dalvo Guedes, foram realizadas muitas obras, entre elas a avenida Prestes Maia. “Iniciamos nesta administração o processo de planejamento, talvez colocando-nos na vanguarda de muitos municípios, com a introdução do conceito de Plano Diretor e de Administração Indireta com a criação da SAEV (Superintendência de Água e Esgoto de Votuporanga)”.
Posteriormente vieram as administrações dos prefeitos Nabuco e Luiz Garcia de Haro. “Quando projetamos e executamos a barragem para captação do córrego Marinheirinho. Em seguida, na administração do senhor João Nucci, foram executadas várias obras dentro do plano do Governo Federal chamado Cidades de Porte Médio”, contou.
Na administração do prefeito Mário Pozzobon, fizeram um trabalho pioneiro, com a construção do poço profundo da Vila Muniz, hoje integrado ao sistema Zona Sul da Saev. Também projetaram e construíram os emissários do Marinheirinho, até a juzante da represa e do córrego Boa Vista até os limites do perímetro urbano.
“Ocupei vários cargos nas prefeituras de Votuporanga, Fernan-dópolis e Mirassol e nas administrações autárquicas, notadamente na Saev”, destacou Jesus.
Das administrações municipais ficou afastado de 1.988 até 2.002, quando Carlão Pignatari assumiu a Prefeitura. O superintendente da Saev era Walter José Trindade, que inaugurou novos rumos de gestão para autarquia, quando foi concretizada a construção do poço profundo da Zona Norte e demais obras complementares.
“Como engenheiro civil e profissional ligado ao planejamento, projetei e executei várias obras para os poderes públicos e também sempre tive uma participação ativa na construção civil, no setor privado, no campo de projetos, administração e execução de obras. Tive a oportunidade de realizar obras em vários campos, como pontes, residências, prédios públicos, estabelecimentos comerciais e industriais na cidade e região, como por exemplo, Frigorífico 4 Rios, Votuporanga Clube, Lagos dos Assary, residenciais em Votuporanga, Fernandópolis, salientando dois prédios de apartamentos: edifícios Guarnieri e Rinaldo Rapassi”.
Com a ajuda de outros profissionais, fundou em 20 de junho de 1.979 a Searvo (Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Votuporanga).
Engajado na profissão e participante ativo das atividades da comunidade, esteve presente em diversos momentos importantes do município. “Fui recompensado nesse ideal, pois tive a oportunidade de conviver com pessoas fabulosas, citando primeiramente minha família, meu pai, meu avô e muitas pessoas, que deram exemplos de altruísmo e dedicação a uma causa maior: o bem estar de nossa cidade”, finalizou.