Ela contabiliza mais de meio século de contribuição ao cenário cultural brasileiro
Fazendo o maior sucesso como Dona Picucha, na série “Doce de Mãe”, Fernanda Montenegro colhe os frutos do respeito e reconhecimento por uma carreira que começou há mais de meio século.
O “Doce de Mãe” começou como um especial de final de ano, exibido pela Globo em dezembro de 2012. Fez tanto sucesso que voltou como série e deverá permanecer na grade fixa de programação.
Quem acompanha as aventuras de Dona Picucha sabe que ela é doce, mas nem por isso os filhos conseguem dobrá-la tão facilmente. De boa índole, não costuma ver maldade nas pessoas e é justamente isso que deixa Sílvio (Marco Ricca), Elaine (Louise Cardoso), Fernando (Matheus Nachtergaele) e Suzana (Mariana Lima) de cabelos em pé. Os quatro vivem socorrendo a “doce mãe” em suas artimanhas. E nova personagem entrou na vida de Dona Picucha, a pediatra Rosa (Drica Moraes); a boa velhinha suspeita que Rosa seja filha de seu falecido marido, Fortunato. Determinada a descobrir a verdade, Dona Picucha foi morar em um asilo e alugou a casa, por um preço bem camarada, a Rosa. Dessa maneira, pode acompanhar o dia a dia da médica.
Quanto a vida no asilo, Dona Picucha alterou completamente a rotina de todos os moradores do lugar. Mudou para melhor.
Falando da atriz, recentemente Fernanda Montenegro interpretou a Candinha Rosado, no remake de “Saramandaia”. Como sempre, deu show de interpretação uma vez que Candinha Rosado vivia entretida com galinhas imaginárias, mas para fazer as cenas ela contracenou com cerca de trinta aves bem reais e cheias de pena. Com toda sua experiência, ela enfrentou este trabalho com a maior naturalidade.
A atriz nasceu em 1929, na cidade do Rio de Janeiro, numa casa de portugueses e italianos e foi batizada com o nome de Arlette Pinheiro Esteves da Silva.
Ela enveredou-se no meio artístico aos 15 anos de idade, quando participou de um concurso da Rádio MEC que selecionou redatores, locutores e atores de rádio.
A estreia no teatro foi em 1950, na peça “3.200 Metros de Altitude”, ao lado de Fernando Torres. A história desta “grande dama do teatro” é extensa e digna de nota. Ela foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro e ficou na emissora entre 1951 e 1953, participando de cerca de 80 peças.
No ano de 1952, ganhou o prêmio de Melhor Atriz Revelação da Associação Brasileira dos Críticos Teatrais por seu trabalho em dois espetáculos. Nesta mesma época, fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia.
Ao lado do marido, Fernando Torres, montou a Companhia dos Sete congregando na época os atores Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Giani Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto. Desde então, recebeu vários outros prêmios por seu trabalho. No ano de 1970 afastou-se da televisão durante nove anos. A sua volta deu-se em 1979 quando participou de “Cara a Cara”, novela de Vicente Sesso exibida pela TV Bandeirantes.
A sua estreia na Globo foi em 1981 em “Baila Comigo” interpretando Sílvia Toledo Fernandes e, logo depois, apareceu em “Brilhante” na pele da milionária Chica Newman.
Inesquecíveis mesmo são suas cenas ao lado do saudoso Paulo Autran, na primeira versão de “Guerra dos Sexos”, de Sílvio de Abreu, na qual eles viveram os primos Charlô e Otávio. No ano de 1986, em “Cambalacho”, novamente, numa história de Sílvio de Abreu, ela protagonizou situações hilárias na pele de Naná, ao lado de Gegê, personagem do também grandioso e saudoso Gianfrancesco Guarnieri.
O reconhecimento veio através do convite feito pelo então Presidente José Sarney que gostaria de ter Fernanda Montenegro como Ministra da Cultura, mas atriz recusou.
A atriz tem seu nome ligado ao cinema brasileiro e, em 2004, recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova Iorque. Mas o maior prêmio que Fernanda Montenegro conquistou em sua carreira, veio no final do ano passado, quando ela foi premiada durante a 41ª edição do “International Emmy Awards”. Fernanda venceu na categoria Melhor Atriz por Dona Picucha.