A relação entre a ciência econômica e a ecologiatem sido cada vez mais intensa por conta, basicamente, da prerrogativa em torno do crescimento econômico. Essa relação não se desvincula tão facilmente. A necessidade de se buscar o crescimento econômico tem sido um dos pontos mais controversos dessa relação. O fato é que ao longo do tempo, a “conversa” entre a economia e a ecologia não tem sido nada amistosa. A maneira de atuar da economia e da ecologia tem sido antagônica, especialmente em relação à problemática do crescimento econômico versusexploração dos recursos naturais. Visto por outro prisma, estamos nos referindo ao conflito existente entre as “Leis da Economia” versus as “Leis na Natureza”.
De um lado, há os que defendem um crescimento a qualquer custo, vendo nisso uma saída eficaz e rápida para os graves problemas socioeconômicos que afeta quase metade da população mundial. Do outro lado, há os que clamam pela interrupção imediata (propondo até mesmo a prática do crescimento zero) de um crescimento que tem feito mais estragos, gerando passivos ambientais, do que proporcionado benesses.
O fato inegável é que a atividade econômica tem sido extremamente agressiva desde o ato de extrair recursos, passando pelo processo produtivo e culminando na prática do consumo final quando solta resíduos, comprometendo assim a capacidade do planeta Terra em lidar com essa situação.
Afora isso, aqueles que pensam que o consumo/produção precisa apresentar moderação, entendem que não há mais espaço físico –nem condições para isso- para se alcançar taxas de “crescimentos exponenciais” visto que os recursos para tal são inequivocamente de ordem finita.
É de fundamental importância entender que a biosfera é finita, limitada e hermeticamente fechada. Conquanto, esse debate, além de interessante, é também muito polêmico, uma vez que trata de abordagens extremamente conflitantes.
Para aguçar ainda mais esse debate, apresentamos a seguir, em forma de apontamentos, algumas considerações em torno dessa questão.
Alguns apontamentos pertinentes
* Pelo menos desde o Neolítico (12.000 anos aC) todas as sociedades históricas consomem de forma crescente energias da natureza;
* É necessário conciliar a Economia com o Meio Ambiente, tendo em vista que tudo, absolutamente tudo, vem da natureza. Não é mais possível que os economistas, em geral, continuem ignorando essa realidade. A Economia precisa estar em fina sintonia com a Ecologia. Corrobora para esse argumento o fato de que um dos primeiros formuladores do termo Ecologia, Ernst Haeckel (1834-1919), chegou a chamar a ecologia, em certo momento, de “a economia da natureza”;
* O fato mais grave, no entanto, é que a teoria econômica tradicional propõe o crescimento econômico sem limites, de forma exponencial e ininterrupta, a qualquer custo, e esquece, nesse pormenor, que a biosfera é finita, limitada e não aumentará de tamanho. Nesse sentido, é absolutamente ignorado pela Economia o pressuposto básico que aponta para um crescimento econômico capaz de produzir passivo ambiental. Essa questão é simplista: não há espaço para todos; muito menos há (ou haverá) recursos disponíveis (renováveis) que seja capaz de oferecer o “Éden”, como querem alguns;
* Gandhi, um dos “Iluminados” pensadores que habitou o planeta Terra, a esse respeito, profetizou que: “A Terra é suficiente para todos, mas não para os consumistas”;
* Conquanto, de forma estúpida, irracional e pouco inteligente -para dizer o mínimo-, a Economianão é mais entendida como gestão racional da escassez, mas, sim, como a ciência capaz de crescer exponencialmente, sendo que esse crescimento irá, na opinião dos “agentes econômicos agressores do meio ambiente”, curar todas as enfermidades do mundo;
*Marcus Eduardo de Oliveira é economista brasileiro, especialista em Política Internacional