Nenhum educador, verdadeiramente comprometido com a arte da educação, tem dúvida em relação ao seu objetivo: a formação de alunos hábeis e competentes para assumirem os desafios que a vida contemporânea em sociedade nos apresenta.
Nessa lógica, Educação e Desenvolvimento Sustentável (EDS) deve passar a integrar o currículo das escolas, desde os primeiros anos do ensino básico, uma vez que os maiores desafios que a vida hoje nos apresenta requerem o paradigma da sustentabilidade.
Quando pensamos e afirmamos a necessidade da reorganização curricular na convergência para a construção da competência em sustentabilidade, de professores e de alunos, não estamos apenas nos referindo às discussões em sala sobre mudanças climáticas, suas causas e seus efeitos, sobre a necessidade de redução na emissão de gazes poluentes, sobre as formas de redução da violência e dos crimes sociais, sobre a erradicação da pobreza etc.
Certamente esse é e será um dos passos iniciais imprescindíveis. Mas, com ele muitos outros terão que ser dados em nossas escolas se, verdadeiramente, quisermos educar professores e alunos com habilidades e competências relacionadas à sustentabilidade.
Com efeito, habilidades e competências referem-se à aplicação, à transposição da teoria à prática, requerem a mobilização de esquemas mentais apreendidos e verificados na resolução de situações conflitivas.
Isso requer projetos ecopedagógicos de natureza integral, que possibilitarão aos professores e aos alunos, em sua vivência prática, na família e na comunidade, a partir da escola, a manifestação concreta dessas habilidades e competências construídas.
Ora, o que será preciso para que eu, aluno ou professor, em minha vida pessoal, aprenda e deseje efetivamente colaborar na redução da emissão individual de carbono, por exemplo? Que inciativas locais podem e devem ser realizadas, urgentemente? Que estratégias devem ser colocadas em prática para garantir a sustentabilidade ecológica, ambiental, social, humana e mental?
O currículo deve ser meio através do qual a comunidade educativa, família e escola, forma seus filhos e alunos para a aprendizagem e para a vivência do principio da sustentabilidade. Isso requer projetos integrados nos quais a escola é, simultaneamente, tanto tempo e espaço de fundamentação teórica quanto ensaio concreto de alternativas viáveis para a sustentabilidade.
Com isso, antevemos nova organização da dinâmica escolar. É será possível essa revolução na sustentabilidade fora do âmbito da educação? Talvez a educação não seja suficiente, uma vez que sempre estamos e somos mergulhados no mistério da liberdade humana. O que fazer se alguém não desejar fazer parte dessa reorganização da vida social? Quando a educação não foi suficiente para despertar a consciência para o dever, deve imperar a obrigatoriedade legal, com prescrições e interdito. Isso nos revela que as mudanças também chegarão à esfera do direito, esse caminho tortuoso na direção da Justiça. E a justiça, hoje, passa a exigir a sustentabilidade.
A obrigatoriedade do ensino e da aprendizagem da sustentabilidade, a partir de um currículo nacional, nos fará, necessariamente, pensar e redefinir os critérios identificadores de sociedade desenvolvida. Seguramente, o critério não será mais somente o PIB, aspecto econômico que, historicamente, tem caminhado na contramão da sustentabilidade.
*Celito Meier é teólogo, filósofo e educador