Faço política desde 1962, já vi e ouvi muitas coisas e, sem dúvida, continuo aprendendo. Ao escrever estes artigos colocando meus pensamentos e fazendo comentários dos mais variados, sempre encontro algum leitor que me entusiasma e outros que me sugerem assuntos. É o lado gostoso de ser articulista.
Estamos em ano eleitoral nos municípios brasileiros e não poderia deixar de lembrar, da maneira que entendi, que o atual prefeito só conseguiu fazer uma administração como todos conhecem porque nossos vereadores não lhe colocaram empecilhos, e não transformaram a Câmara num palco mambembe. Se foram eficazes ou não, conforme o entendimento democrático de cada pessoa, pelo menos não impediram o desenvolvimento da cidade. Todos os outros barulhos e “bravatas” devem ser entendidos, no mínimo, como marketing. No geral, penso que os trabalhos foram equilibrados, melhores que em outras cidades.
Mas, tudo isso não impediu que um leitor mais atento às lides políticas me enviasse um texto muito interessante, dentro do entendimento dele, que merece ser publicado e, mais, analisado por todos.
Vejamos: Antes o leitor havia me perguntado quais pré-requisitos eu achava que alguém devia ter para se candidatar a vereador. Respondi o óbvio: - Ter ficha limpa, ser eleitor, alfabetizado e estar filiado a algum partido que lhe garantisse legenda, além de ter disposição para pedir votos (difícil para vereador), ir a quermesses, frequentar igrejas e fazer muitas coisas que não fazem parte do cotidiano de muitos candidatos, pois, afinal, as propostas precisam ser do conhecimento do eleitor e por isso o contato público é fundamental. Nosso amigo leitor não se contentou e escreveu o seguinte: - “Está faltando uma coisa que, na minha opinião, deveria fazer parte do rol de atributos necessários a quem postula um cargo eletivo: ter feito parte voluntariamente da diretoria de qualquer entidade beneficente ou de amparo aos mais necessitados, tais como Hospitais, a Apae, Asilos, Casa da Criança e tantas outras (aliás, o que não falta nesta cidade é gente querendo ajudar o próximo). Digo isso, meu caro Nasser, porque vejo que existem políticos que passam a vida toda se reelegendo e usando a tribuna como estilingue, mas jamais ficaram do lado da vidraça. Não sabem o quanto é difícil trabalhar com recursos escassos, “matando um leão por dia” com verbas que nem sempre chegam. E olha que eles sempre tem a solução na ponta da língua: cortar despesas, atender melhor, etc. E, esses não se dispõem a vir para o outro lado do “front” para ver o quanto é dura a batalha. Mas, já que não existe essa obrigação legal de ser benemérito voluntário, ou seja, vidraça, quem sabe o eleitor não passe a adotar esse critério nas próximas eleições?”
Sem dúvida um texto interessante, intrigante e que vem muito a calhar nesse momento em que o próprio país vive notícias desalentadoras sobre o congresso nacional, onde existem muitos “encastelados”. Tudo isso, por sinal, reforça a luta deste articulista pela reforma política, essa, a única que pode fazer os costumes políticos melhorarem no Brasil. Mas, também, não deixo de dar um grande valor a quem tem a disposição de fazer um texto como o acima, pois, prova que alguns, em lugares mais diversos desse Brasil, se preocupam com os bons costumes e, sem duvida, farão com que muitos candidatos, principalmente os bem intencionados, meditem sobre o assunto. Este é um bom momento para isto e, que bom seria, se o texto servisse de exemplo para muitas cidades.
*Nasser Gorayb