Escolher uma profissão vem sendo algo discutido há tempos. Geralmente, desde que o aluno ingressa no ensino médio, o pensamento de “não errar ao escolher a profissão” quase sempre fica vinculado à ideia de carreira, mas os jovens estudantes quase não conseguem distinguir o “não errar” da carreira ideal.
Ao final do ensino médio, alguns poucos sortudos possuem algumas qualidades e habilidades que se fazem valer na escolha profissional. A fluência na língua inglesa; vivência no exterior, decorrente de intercâmbios culturais e acadêmicos; muito mais afinidade com certos assuntos e matérias; entre outras.
Passada essa primeira fase, durante a faculdade alguns desses alunos estagiam em grandes empresas no Brasil e no exterior e, ao terminar a faculdade, estão empregados em grandes empresas, em grandes cidades, com ótimos cargos. Aí vem a “2ª fase” daquele pensamento de “não errar ao escolher”.
E agora? O que eu faço? Continuo nesse ótimo cargo e construo um plano de carreira? “Aventuro-me” e vou me especializar na minha área acadêmica, talvez até em outro país?
Na época, com 22 anos, eu decidi que iria partir para a aventura. Como eu já tinha a segunda língua e, nessa época, duas experiências internacionais (no 2º ano da faculdade trabalhei para a Walt Disney World Resorts num programa de estágio que virou efetivo), consegui um trainee operacional na seção hoteleira da 2ª maior empresa de entretenimento do mundo – o Tussaud’s Group UK – Inglaterra.
Ótimo. Como era um contrato fechado, eu sabia quanto tempo teria para trabalhar, mas já pensando no futuro. Durante o período de um ano de contrato, descobri que a Universidade de Birmingham tinha um núcleo dedicado a Turismo e Hotelaria. Gostei da ideia e então realizei duas ações: prestei a prova da Pós-Graduação em Administração Hoteleira, juntamente com a prova que me garantia 35% de bolsa de estudos na Universidade. Consegui os resultados esperados e, de “bônus”, conquistei um emprego na maior empresa de consultoria hoteleira da Inglaterra.
As coisas estavam indo muito bem e, portanto, eu não “tinha errado ao escolher”. Fui promovido três vezes e estava feliz. Mas, depois de vários anos, eu precisei voltar ao Brasil. Pensei comigo: “Não haverá problemas. Com o currículo que eu tenho, facilmente encontrarei um bom emprego”.
Porém, a realidade não foi bem essa. É aquela história: Quando você tem pouco, não o contratam. Quando você tem muito, também não o contratarão. Então mudei de área. Entrei para a educação. Virei professor de Inglês, fui me aperfeiçoar e estudar mais ainda, pois, afinal, é uma área que domino e eu poderia passar esse conhecimento para frente. Hoje, trabalho no departamento de línguas estrangeiras de uma grande empresa que fornece soluções para a educação pública.
Mas na época da volta ao Brasil, veio à minha mente a questão que eu pensava que já tinha passado: “Será que eu errei ao escolher?”. As perguntas continuam: Será que, por acaso, toda essa experiência não poderia ser usada em outras temáticas? Será que se eu aproveitar meu conhecimento e souber gerenciá-lo para outros processos, talvez não se tornem até mais úteis?
Não tenha medo do novo, não tenha medo de sair de sua zona de conforto. Eu creio que o “errar ao escolher” pode se tornar uma grande oportunidade a médio e longo prazo, se você conseguir enxergá-lo como tal e, claro, cada escolha precisa ser alinhada à parte acadêmica, que é uma grande alavanca para a carreira.
* Felipe Barbosa Miléo é Orientador Educacional do programa Línguas Estrangeiras na empresa Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). Pós graduado em administração hoteleira pela University of Birmingham, Inglaterra