Pelo amor de Deus, atenda a saúde com urgência! Doente, está morrendo aos poucos. Diagnóstico do doutor: coma profundo. Causa: incontinência urinária. Perdão, incompetência ordinária. Essa causa é uma das que mais mata a humanidade, dilacerando corpos, sacrificando vidas e vilipendiando sonhos. Um dia todos serão vitimados, disse um profissional da medicina. Em todas as edições os programas televisivos têm mostrado calamidades que acontecem nos hospitais de todo país. Filas quilométricas. Gente pobre, sem nenhum recurso, clamando por quinze minutos de atendimento. Olhos lacrimejantes rogando piedade por informações de cura e alívio de sofrimento. Criaturas humanas postadas em chão frio de hospitais despreparados e imundos. Paradoxalmente, o governo maior coloca vídeos ilusionistas na rede televisiva, fazendo propagandas que não correspondem à realidade brasileira. Em manchete, hospitais nordestinos reclamam surto de bactérias por falta de remédios e equipamentos. “A bactéria fica mais resistente porque ocorrem faltas rotineiras de medicamentos para o tratamento”, disse um dos médicos. “Ministramos antibióticos apenas por um determinado tempo, mas o paciente fica sem a defesa. Quando o tratamento é interrompido, devido à falta de medicação, a bactéria fica mais resistente.” Segundo os profissionais ouvidos por uma reportagem dessa região “a contaminação em série é causada pela falta de equipamentos para garantir o isolamento completo de contato”. No hospital, “faltam tensiômetros e otoscópios individualizados para os pacientes infectados”. “Termômetros também são considerados ‘artigos de luxo’ nas unidades de saúde”. “Aqui, a gente faz que nem no interior: bota a mão na testa do paciente e vê se está quente”, disse uma auxiliar de enfermagem. É claro que essa situação não se restringe ao nordeste. É uma situação nacionalizada. Não adianta aclamar partidos políticos e seus representantes, pouco ou nada fazem para melhorar isso. Precisamos fazer cobranças contundentes. É um direito do cidadão brasileiro. Tire você as conclusões como estão os pacientes hospitalizados. Coloque-se no lugar de um deles. E é bom que se diga que a culpa dessa catástrofe não é da classe médica. Também não podemos atribuí-la aos hospitais. Tanto o médico quanto o hospital carrega nas costas essa situação insustentável. A culpa é das míseras verbas destinadas a essas finalidades pelos poderes públicos. Se não bastassem os valores irrisórios pagos aos profissionais da medicina e a migalhas destinadas aos hospitais ainda enfrentamos uma corrupção nojenta que acompanha esse processo. Parte dessas verbas é desviada para outras finalidades e surrupiadas em licitações de cartas marcadas por mãos invisíveis nos trajetos indecifráveis. Infelizmente isso não tem sido apurado pela própria inoperância do sistema. Inobstante, nos municípios, começam os candidatos a proferir discursos com as retóricas ilusionistas de sempre: “precisamos investir na educação; precisamos investir na saúde pública; precisamos investir em moradias, etc.”. Infelizmente o povo continua acreditando nessa falsa promessa e deslavada mentira. Quando vejo um político falar em saúde, educação, moradia como plano de governo, sinto arrepios. Sei que não é verdade. São sofismas de campanha. Sofismas são argumentações falsas e mentirosas para ficar bem claro. Coisas irreais que nunca serão concretizadas. Promessas que não serão cumpridas. Precisamos estar preparados para utilizar a nossa única arma: o voto. Não vamos nos iludir. Bem, não acredito muito em país que atribui uma pena muito maior para uma pessoa que abandona um animal do que para uma pessoa que abandona um ser humano incapaz. Com certeza, esse país deve estar doente, sem remédios e sem equipamentos, em coma profundo ou coma induzido, quem sabe!!!
*Manuel Ruiz Filho é professor