O ex-presidente Lula disse que não quer assistir ao julgamento do Mensalão, porque tem mais o que fazer. O advogado Márcio Thomaz Bastos apresentou de novo um pedido já rejeitado três vezes, de desmembrar o processo; o ministro Ricardo Lewandowski levou quase uma hora e meia dando um voto em favor de Márcio, sendo derrotado por 9x2 - o que, para os réus do Mensalão, foi uma vitória: para eles, é importante ganhar tempo, até que se aposentem os ministros César Peluso e Ayres de Brito, já que a falta de ministros atrapalha o julgamento. E é para não facilitar a criação de mais atraso que o procurador-geral Roberto Gurgel, convencido de que deveria fazê-lo, não pede o impedimento do ministro Dias Toffoli, amigo de boa parte dos réus e que já defendeu José Dirceu.
É como um enxame de abelhas: há quem voe, há quem faça cera.
E a Justiça? Não se preocupe: o caso do Mensalão foi denunciado em 2005, há mais de sete anos. Como dizia Ruy Barbosa, ícone dos juristas brasileiros, “Justiça tardia não é Justiça, é injustiça manifesta”.
Culpados ou inocentes? O Supremo é que deve decidir, não colunistas e editorialistas da imprensa. Mas é estranho que um grupo lute para que o julgamento demore, em vez de querer que termine logo para encerrar seu pesadelo. É estranho que um advogado faça um pedido verbal e um ministro puxe na hora um longo voto escrito sobre o tema, prontinho.
E é estranho lembrar que toda a urgência atual decorre só da lentidão com que o processo andou por tantos anos.
O motivo da cera
No futebol, faz-se cera quando o resultado é bom para o time mais fraco. O goleiro demora para bater o tiro de meta, a cada falta, por leve que seja, o jogador rola no chão e só levanta quando o juiz o ameaça, o gandula segura a bola além do tempo razoável, o técnico grita do banco e bate o dedo no relógio, dizendo que o jogo acabou.
Já quem acha que vai ganhar quer a bola em jogo.
A grande frase
Do ex-presidente Lula, dizendo a um repórter que não iria assistir ao julgamento: “Eu tenho mais o que fazer. Tenho que trabalhar, meu filho”.
O dono dos votos
Se a eleição para presidente da República fosse hoje, não em 2014, Lula seria o vencedor contra qualquer adversário: segundo a pesquisa CNT, teria 69,8% dos votos, contra 11,9% do senador tucano Aécio Neves e 6,5% de Eduardo Campos, PSB, governador de Pernambuco. Se a candidata petista fosse Dilma Rousseff, teria 59%, seguida por Aécio com 14,8% e Eduardo Campos com 6,5%. A pesquisa foi realizada entre 18 e 22 de julho, longe do julgamento do Mensalão - mas com tamanha margem que seria impossível revertê-la em pouco tempo.