A pressão para marcar o julgamento do chamado “mensalão petista” nas vésperas das eleições municipais já produz os seus efeitos. Na primeira rodada de debates com os candidatos às prefeituras de várias capitais, promovida pela TV Bandeirantes na noite de ontem (2), o tema já foi utilizado como munição pelos partidos que fazem oposição ao PT e que até hoje não engoliram as vitórias de Lula e Dilma. Com o início do horário eleitoral de rádio e TV, o julgamento no STF deverá ser ainda mais explorado como peça de campanha.
No debate com os postulantes à prefeitura de São Paulo, o petista Fernando Haddad foi acuado duas vezes com perguntas sobre o tema. Ele foi questionado sobre os impactos do julgamento na sua campanha e sobre como combateria a corrupção na capital paulista se o PT está envolvido num escândalo político. Coube ao candidato do PSOL, Carlos Gianazzi, o figurino de paladino da ética, com as posturas mais agressivas. No Rio Janeiro, o chamado mensalão serviu para atacar o candidato Eduardo Paes, do PMDB.
O jogo sujo da direita partidária
As eleições de outubro são encaradas como uma questão de vida ou morte pela direita partidária. Tucanos e demos apostam as fichas no julgamento do STF como única forma de evitar o completo desastre. O DEM tende à extinção e o PSDB depende do resultado do pleito, principalmente em São Paulo e Belo Horizonte, para ainda nutrir alguma esperança de sobrevivência.
Isto explica o circo armado para o julgamento do chamado mensalão. O tema será uma das principais peças das campanhas eleitorais, inclusive de falsos moralistas mais sujos do que pau de galinheiro! Neste esforço, a direita partidária contará a artilharia pesada da mídia, que credenciou mais de 500 profissionais da imprensa no STF e lota os hotéis de Brasília. A guerra suja está apenas começando, como apontou a primeira rodada de debates da Band.
*Altamiro Borges é jornalista