Todo patrão deve ser sempre um grande amigo. É assim que penso. Assim foi e continua sendo minha vida profissional. Quando o patrão, por qualquer motivo, se fizer distante, alguém que o representa deve receber, no lugar dele, essa consideração. Se assim não o for, não é patrão, nada mais que um colega de trabalho. Ninguém consegue produzir trabalhando sem essa cumplicidade. O local de trabalho deve ser uma extensão do lar de cada trabalhador. Não tenho dúvida disso que é. Dirigir-se ao trabalho mal-humorado não produz o necessário. Na minha vida profissional tive poucos patrões, mas todos foram merecedores da minha amizade, da minha cumplicidade e do meu respeito. Também o fiz por onde merecer a confiança deles. Sempre trabalhei nas empresas como se minhas elas fossem. Foram eles que me ajudaram a construir meu mundo de realizações. A minha casa é fruto de um trabalho recíproco. Se eu não tivesse tido patrões amigos, talvez não tivesse construído o meu universo. Eles foram peças fundamentais no futuro dos meus filhos. Foi com a remuneração recebida que paguei meus compromissos do dia a dia. Nunca enxerguei os patrões como vilões ou exploradores. Do contrário, foram os ajudantes das minhas conquistas. Não raramente, quem tem colocado divergências ou intrigas nas relações de emprego são os próprios representantes dessas categorias, instigando, muitas vezes, direitos e deveres duvidosos e não fundamentados. Ter emprego, não só constitui recurso com que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades materiais, como também lhes permite plena integração social. A própria sociedade não contempla louvores a quem não tenha vínculo empregatício. E mais, raríssimas entidades de serviços têm aceitado em sua lista de associados pessoas sem ocupação definida. Nosso trabalho é que nos tem proporcionado a possibilidade de sermos reconhecidos como gente e como família no seio da sociedade. Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno emprego dos dois fatores de produção (capital e trabalho) eram normais porque propiciava na economia, o equilíbrio. John Stuart Mill dizia: “Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens.” Isso só tem sido possível com a combinação dessas duas importantes forças humanas denominadas de patrão e empregado. Qualquer pesquisa que se faça irá mostrar que um ambiente de trabalho sadio possibilita resultados satisfatórios, tanto para patrões quanto para empregados. Uma boa relação entre ambos, decididamente estruturada, será eternamente produtiva evitando transtornos dos mais variados. Não é interessante e, nunca obterá espaço, qualquer tipo de petulância entre essas partes. Toda relação de trabalho deve ser construida de maneira satisfatória, tendo como bandeira a ética e a transparência. Jamais deverá haver, e nas boas relações de emprego não há, situações de prepotência por parte de quem oferece serviço e menos ainda irresponsabilidade e inoperância por parte de quem o assume. Evitar o desperdício é tarefa de quem executa o labor. Na maioria das vezes os patrões estão distantes desses fatores e aos empregados essa distância é menor. Quem manuseia o produto ou serviço é o empregado e por isso ele está diariamente em contato com as possibilidades de prejuizo que o patrão possa ter. A ele cabe policiar qualquer tipo de desperdício. Isso é digno e honrado. Respeite seu patrão incondicionalmente, mesmo que ele pouco mereça. Se ele não merecer, procure outro emprego. Para profissionais competentes a mesa de serviços é farta. Os dirigentes querem funcionários que colaborem nas soluções, especialmente depois de terem sido parte do problema. A responsabilidade de cada empregado não se limita exclusivamente àquela que está na descrição da sua função. Se seu chefe determinar que algo deva ser realizado, ultrapasse esses limites. Essa é sua tarefa. Nunca diga que ‘isso não é problema meu’. O problema na empresa é de todos, e por isso os benefícios também o deverão ser.
Manuel Ruiz Filho; manuel-ruiz@uol.com.br