Ivan Herrera Jordão é especialista em Trânsito e colaborador deste jornal
ihjordao@hotmail.com
Como espreita no cruzamento, nas vias públicas do perímetro urbano. E no piso molhado do banheiro, da cozinha, da calçada sem piso antiderrapante ou com rampas não sinalizadas...
Trânsito deveria ser sinônimo de vida. Deveria, mas não é. Somente quem atua como profissional da área, totalmente envolvido, pode mensurar a sensação de impotência quando vidas são ceifadas, prematuramente, independentemente de quem seja a culpa.
A via tem acostamentos? Está bem sinalizada? A faixa não é contínua?
O veículo que segue à frente está totalmente visível? Tem visíveis as especificações sobre o seu comprimento?
O condutor do veículo a ser ultrapassado tentou sinalizar para que o motorista que pretendia ultrapassá-lo, se mantivesse na mesma faixa?
As questões seriam muitas. As respostas? Em alguns casos apenas uma das partes teria a palavra.
E na maioria dos casos envolvem-se outros, pegos de surpresa, sem ter o que fazer para tentar proteger a própria vida. As circunstâncias não permitem.
Lamentável que Votuporanga chore suas três vítimas fatais, tendo ainda que orar por quem escapou com vida, não se sabe se futuramente sequelado, ou não.
Como em Votuporanga, ocorre por todos os cantos do Brasil.
Fato lamentável, especialmente para as famílias enlutadas.
Trânsito Mata
Trânsito mata e, através de qualquer comportamento imprudente, impiedosamente.
Hoje, quem como nós fez uma caminhada, logo pela manhã, percebeu como que um maior cuidado dos condutores - motoristas evitando ultrapassar nos cruzamentos e até uma certa redução de velocidade nas vias expressas.
E nós perguntamos: até quando?
Por quanto tempo vai durar esse cuidado provocado pela comoção?
Exatamente no primeiro sábado da Semana Nacional do Trânsito!...
Felizmente para nós, vínhamos, antecipadamente e com o conhecimento apenas dos nossos parceiros, fazendo a nossa campanha silenciosa, com faixas, banners e cartazes, distribuídos em pontos estratégicos da cidade. Porque a nossa motivação hoje estaria muito aquém do que sempre apresentamos, nessas ocasiões. Morremos um pouquinho, quando alguém morre no Trânsito.
Aproveitamos para agradecer ao Secretário Municipal do Trânsito, Antonio Alberto Casali, que na primeira semana de julho já nos oficiava, agradecendo pelo nosso esforço, ao mesmo tempo em que lembrava que “já conseguimos a redução de 33% no número de acidentes, em relação ao mesmo período do ano anterior, e acreditamos que com sua iniciativa, aliada ao nosso trabalho, alcançaremos ainda melhores índices de redução e educação para o bom trânsito em nosso município”. (Ofício nº 89/2015 daquela Secretaria.)
No contato anterior via telefone, lembramos que temos que reduzir também o stress, provocado pelo trânsito, que no acúmulo, devido a rotina, pode conduzir aos acidentes vasculares, entre outros desfechos, não menos danosos.
Talvez a conscientização maior, além da propiciada pelo exemplo, que os familiares podem oferecer aos futuros condutores, nossos jovens e nossas crianças, passe pela disposição de abrir espaço no pensamento, para avaliar que a vida será tanto melhor, quanto menos conturbada, em qualquer aspecto. Estando o Trânsito, talvez, na abertura dos fatores elencados para um bem viver.
Temos que abrir mão das disputas desnecessárias. As vias públicas não são locais para que as pessoas se degladiem. Somos todos civilizados. Ou não?